Em declarações aos jornalistas, no parlamento, no final da aprovação final do Orçamento do Estado para 2023, Luís Montenegro escusou-se a responder à pergunta se iria ao Qatar assistir a um jogo da seleção nacional se fosse primeiro-ministro.

“O Orçamento do Estado não serve os portugueses, não vou desfocar-me dessa mensagem, se respondesse a essa pergunta perderia aquele que era o meu foco”, afirmou.

E a mensagem central que o líder do PSD deixou durante mais de dez minutos foi que “Portugal é hoje um pais claramente mais pobre do que em 2015”, dando como exemplo a notícia do semanário Expresso de hoje de que a Roménia irá ultrapassar Portugal em 2024 no ‘pib per capita’.

“Temos vindo a chegar-nos para a cauda da Europa. Portugal, em vez de estar a caminho do pelotão da frente, está numa posição de carro vassoura da Europa e a ser ciclicamente ultrapassado”, apontou.

Luís Montenegro defendeu que, “ao contrário do que diz o Governo”, existe hoje no país “uma perspetiva de desesperança, de falta de ambição e de soluções para inverter a situação”.

“Estes debates orçamentais são demasiado repetitivos, o que quer dizer que o país está sempre na mesma, nada acontece. Os portugueses gostariam, de ano para ano, ver diferentes objetivos e diferentes metas, mas passado um ano estamos no mesmo ponto”, lamentou o presidente social-democrata, que não é deputado mas hoje assistiu no seu gabinete no parlamento ao encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2023.

Sobre as críticas deixadas pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e pelo PS no debate orçamental, de que este PSD não é alternativa ao Governo, Montenegro disse ficar satisfeito “com a preocupação evidenciada” com o seu partido e contrapôs que a bancada laranja entregou mais de 200 propostas de alteração ao orçamento, das quais só menos de uma dezena foi aprovada.

“Houve um simulacro de diálogo, 97% propostas não tiveram aceitação. Se me perguntarem se estávamos à espera que o número fosse maior… tenho de ser honesto, não estávamos à espera que o Governo mudasse o rumo por causa do PSD, devia fazê-lo, mas como reconheceram o ministro e o líder parlamentar do PS, se aprovassem propostas do PSD o país entrava num rumo diferente”, ironizou.

Questionado se o PSD quis deixar um recado ao Chega, quando o líder parlamentar social-democrata disse que a oposição no centro-direita não se faz com insultos, gritos ou mentiras, Montenegro não respondeu diretamente.

“Não somos o partido da berraria, de protesto, somos verdadeiramente alternativa, porque nós queremos governar Portugal em condições de normalidade”, disse.

O líder do PSD voltou a criticar o Governo por não ter canalizado mais excedente de impostos cobrados para o apoio a famílias e empresas por e não ter antecipado que a inflação seria um problema duradouro.

“Por trás das estatísticas, está um sistema de saúde que não responde às necessidades, um sistema de educação que deixa 60 mil alunos sem aulas no primeiro dia, onde milhares de jovens têm dificuldades extremas em aceder ao mercado de habitação”, apontou.

Luís Montenegro criticou ainda o Governo por se queixar de a oposição utilizar ‘casos’ que “ele próprio motiva”.

“Eu pergunto qual foi o caso que afetou um membro do Governo que teve origem na oposição? Todos os casos radicaram em intervenções absolutamente infelizes ou despropositadas do Governo ou então em circunstâncias que tiveram a ver com o exercício de funções, com uma agravante: sempre com grande cobertura e cumplicidade do primeiro-ministro”, salientou.

Para o líder do PSD, esta “falta de autoridade política que os casos que os membros do Governo trazem, está efetivamente a minar a sua capacidade de intervenção”.

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