"Só vejo festa, não vejo pensamento, estudos, números, e, no fundo, uma rota sustentável por detrás desta festa feita pelo Governo e pela Câmara Municipal de Lisboa", afirmou a presidente dos centristas, que também é candidata à autarquia da capital.

Assunção Cristas prometeu "questionar no parlamento os responsáveis do Governo por esta escolha", mas avançou com as dúvidas dos centristas, nomeadamente, apontando uma discrepância de cinco milhões de euros entre o plano de investimento e o valor do fundo que vai financiar a Carris.

"Há questões que nos preocupam à partida, desde logo quando se apresentam planos de investimento de 20 milhões de euros e o fundo que vai financiar a Carris só tem previsto no Orçamento da Câmara Municipal de Lisboa 15 milhões de euros, a primeira pergunta óbvia é, afinal, onde vão ser buscados os 5 milhões?", questionou.

"Vai ser dívida que continua a ser cavada, agora do lado da Câmara, porque recebe uma empresa limpa de dívida mas já está a planear endividá-la? Ou vai aumentar as multas, taxas, ou criar novos impostos sobre os munícipes de maneira a poder arrecadar mais cinco milhões de euros por ano?", interrogou igualmente.

A articulação da Carris com o Metro é outra das preocupações da presidente do CDS: "Se o primeiro-ministro chama a si os louros de manter as mesmas posições e ter uma consistência de pensamento, vale a pena perguntar-lhe onde fica o metro? Se bem me recordo, há um ano atrás reclamava o Metro na Carris, os dois em conjunto a serem geridos de forma articulada pela CML".

Questionada sobre as propostas próprias do CDS-PP nesta matéria, Assunção Cristas respondeu que estão a ser estudadas, sem avançar, e sublinhou a importância de questionar os responsáveis: Câmara e Governo.

"Estamos neste momento num tempo de preparação e num tempo de estudo. O que posso dizer é que certamente serão soluções de sustentabilidade em todas as linhas, financeira, económica, social, ambiental e com os pés muito assentes na terra", declarou.

Assunção Cristas falava aos jornalistas no final de uma visita à 11.ª edição do ‘Portugal Exportador', um evento organizado no Centro de Congressos de Lisboa, pela Fundação AIP, Novo Banco e AICEP Portugal Global, com o objetivo de estimular a internacionalização da economia portuguesa.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (PS), anunciou na segunda-feira um reforço de 250 novos autocarros nos próximos três anos para a cidade, num investimento de 60 milhões de euros.

O autarca anunciou, ainda, passes gratuitos para todas as crianças até aos 12 anos (a partir de fevereiro de 2017) e descontos para os idosos, além da criação de uma "rede de bairros", onde serão criadas carreiras para ligar os principais pontos de cada zona (escolas, mercado, Centro de Saúde, etc).