Estas posições foram transmitidas por Ana Catarina Mendes em entrevista à agência Lusa, na qual define o PSD como o principal adversário do PS nas próximas eleições autárquicas, mas em que rejeita tanto a existência de um "pacto de não agressão" com o PCP em concelhos de maioria CDU, como a ideia de que um bom resultado eleitoral da CDU é essencial para a estabilidade governativa.

Interrogada se o PS espera uma mudança na liderança do PSD após as eleições autárquicas, a "número dois" da direção do PS alegou em primeiro lugar que não deve falar sobre eventuais alterações nas lideranças de outros partidos.

"Acho apenas, no que respeita à avaliação da liderança do doutor Pedro Passos Coelho na oposição, que tem sido uma liderança aquém de um partido como o PSD. É um líder amarrado ao passado, sem visão de futuro e que atua muito ao sabor da espuma dos dias sem qualquer convicção profunda sobre as mudanças de que Portugal está a beneficiar neste momento", afirmou.

Se a direção dos socialistas prefere uma liderança do PSD mais dialogante e politicamente mais ao centro, Ana Catarina Mendes não deu resposta direta, apenas deixando o aviso de que "é bom olharmos para o que se passa na Europa e sobre o que está a acontecer a muitos partidos tradicionais".

"Os partidos fortes fazem democracias fortes, tanto na oposição, como no Governo. Como temos provado, em democracia é sempre possível a ponte através do diálogo. Sempre que nos concentramos no interesse nacional isso é benéfico para os portugueses", justificou.

Questionada se um bom resultado eleitoral da CDU nas próximas eleições autárquicas é uma condição importante para que haja estabilidade governativa até 2019, a secretária-geral adjunta do PS rejeitou essa tese.

"É importante que todas as forças políticas concorram às eleições autárquicas sem estados de alma, cada qual com a convicção de que está a apresentar os melhores projetos em cada um dos concelhos do país. Tenho a tranquilidade suficiente para acreditar que uma coisa é a governação do país e a solução que foi encontrada - que acredito que durará quatro anos, até ao fim da legislatura - e outra coisa será a disputa das eleições autárquicas", sustentou.

Confrontada com a ideia de que o PS não apostará prioritariamente na conquista de municípios de maioria atual da CDU, Ana Catarina Mendes negou.

"Não deve haver nem pactos, nem agressão, mas, simplesmente, deve haver a noção de que aquilo que está em questão são diferentes projetos para cada um dos municípios. Não deixámos de apresentar candidaturas em nenhum concelho de maioria CDU. Candidatamo-nos aos 308 concelhos do país para ganhar", concluiu.