Em declarações aos jornalistas à entrada para um jantar do grupo parlamentar do PSD, Passos Coelho foi questionado sobre a manutenção do apoio do partido a André Ventura, depois de o CDS ter abandonado a coligação em Loures e expressado incómodo pela forma como André Ventura se referiu à comunidade cigana.
"A clarificação que o dr. André Ventura fez de uma entrevista que deu clarifica muito bem a posição, quer dele quer do PSD, quanto à matéria. Eu estou tranquilo quanto aquilo que é a nossa posição, uma posição não racista, não xenófoba: nunca foi, não é e, atrevo-me a dizer, nunca será", afirmou o líder social-democrata.
Passos Coelho disse respeitar a posição do CDS-PP, que se escusou a comentar, tais como as críticas feitas pela sua vice-presidente Teresa Leal Coelho.
"O PSD é um partido com tradições plurais muito grande, teve sempre um respeito por todas as minorias e isso não está em causa nesta campanha, nem nas autárquicas, nem em Loures em particular", afirmou.
"Feita esta clarificação, estamos todos tranquilos quanto à campanha que pode ser feita pelo nosso candidato", acrescentou, apontando "a ausência de qualquer elemento discriminatório" no esclarecimento feito por André Ventura.
Hoje à tarde, fonte da direção do PSD já tinha afirmado que o partido mantinha o apoio a André Ventura em Loures: "O PSD mantém o apoio ao candidato do partido à Câmara Municipal de Loures. Lamentamos que o CDS não mantenha esse apoio, mas respeitamos a posição agora assumida pelo CDS".
Um pouco antes, o CDS-PP tinha anunciado que iria seguir "um caminho próprio" nas eleições autárquicas em Loures, abandonando a coligação com o PSD, encabeçada por André Ventura, expressando "profundo incómodo" pela forma como o candidato se referiu à comunidade cigana.
Entre outras referências, André Ventura afirmou numa entrevista publicada na segunda-feira pelo jornal i que há pessoas que "vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado" e que acham "que estão acima das regras do Estado de direito", considerando que tal acontece particularmente com a comunidade cigana.
Ainda na segunda-feira, a candidatura do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Loures apresentou uma queixa-crime ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados contra André Ventura, pelas "novas declarações racistas e xenófobas para com a comunidade cigana".
Na quinta-feira, o candidato já tinha falado sobre uma alegada "excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas", numa entrevista ao portal Notícias ao Minuto, o que motivou uma queixa à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial contra o candidato do PSD/CDS-PP/PPM, por parte do candidato do BE em Loures, Fabian Figueiredo, por "declarações contra as minorias étnicas".
Em comunicado na segunda-feira, André Ventura afirmou ter criticado situações de incumprimento da lei, independentemente de questões étnicas.
"O que preocupa a candidatura são questões de segurança e cumprimento da lei, na defesa do património público e das pessoas de bem, independentemente da raça ou etnia. [...] Boa parte das pessoas que fica muito incomodada quando são denunciadas estas situações nunca se deslocou a algumas dessas zonas e não tem ideia do 'barril de pólvora' que lá se vive diariamente", defendeu.
No mesmo dia, a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Martins, instou o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, a retirar a confiança política a André Ventura.
A Câmara Municipal de Loures é presidida desde 2013 pelo comunista Bernardino Soares, que se recandidata ao cargo, encabeçando uma lista da CDU.
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