Num almoço organizado pelo Fórum de Administradores de Empresas (FAE), em Lisboa, Passos Coelho foi questionado por um empresário sobre como é que o partido poderá novamente voltar ao poder e reganhar eleitorado como os funcionários públicos e os pensionistas.
"A estratégia é não ter medo de perder, essa é a estratégia", respondeu Passos Coelho.
E acrescentou: "Nós não temos nenhuma possibilidade de acomodar políticas generosas, do ponto de vista financeiro, quer para os pensionistas quer para os funcionários públicos. Por mim o PS pode lá ficar à vontade, terá tempo para explicar aos portugueses porque é que não tem dinheiro para isso".
O líder do PSD assumiu-se como defensor da estabilidade, não só para dar tempo a um Governo de definir as suas políticas sem pensar em eleições, mas também para que haja tempo de assumir a responsabilidade pelas mesmas.
"A minha confiança em que o PSD pode ter um bom resultado para o futuro resulta da minha confiança de que a equação como está a ser gerida não é sustentável", disse, acusando o Governo de "degradar a qualidade dos serviços públicos" em áreas como a educação e saúde para sustentar as políticas de reposição de rendimentos.
"Enquanto for possível disfarçar o mal estar associado a isso com salários e outras medidas indiretas, a coisa politicamente gere-se, no dia em que esse efeito se desvanecer fica a exiguidade orçamental", acrescentou, defendendo que "o tempo é muito relevante".
Em resposta a outro orador, Passos Coelho voltou a alertar o Governo que não conte com o PSD para o apoiar em matérias em que o PS tem posições divergentes do PCP e BE, como a dívida ou a manutenção do euro.
"Se o Governo depender de nós para fazer esse tipo de opções, tire o cavalinho da chuva, a responsabilidade política tem de ser completa e não parcial", disse.
Passos Coelho alertou ainda que "se a imposição progressiva de condicionamentos por parte de PCP e BE se intensificar", os tempos mais próximos poderão ser de "aceleração de problemas e não de resolução de problemas".
"Muitas vezes diz-se que as pessoas não gostam de mensageiros que dizem aquilo que as pessoas não gostam de ouvir", afirmou, considerando que qualquer político tem de "conciliar a mensagem de responsabilidade" com o "desafio de ser ouvido".
O líder do PSD disse já ter visto no passado políticos "muito bem recebidos no curto prazo e muito mal recebidos no longo prazo", desejando que os portugueses não coloquem "todos no mesmo saco".
"Nós não somos todos iguais, não somos mesmo, quem hoje desenvolve a política económica terá de responder por ela, de preferência sem inventar uma frase banal como ouvi em 2011, que o mundo tinha mudado muito numa semana", disse, numa referência ao ex-primeiro-ministro José Sócrates.
Um outro orador perguntou a Passos Coelho se entenderia que uma medida como a que tentou em 2012, de redução da Taxa Social Única (TSU), seria hoje útil para financiar o Estado social.
Na resposta, Passos assumiu o fracasso da medida - que acabou por nunca avançar - e considerou que não haveria condições de a tentar.
"Não creio que haja condições na sociedade portuguesa para a repetir, desde logo porque empresários e gestores têm medo dela, foram eles que condenaram a medida na altura de forma direta", justificou.
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