Falando aos jornalistas na Fundação Champalimaud, em Lisboa, o presidente do PSD rejeitou que as dúvidas lançadas hoje pelos sociais-democratas sobre a utilização e destino dos donativos entregues pelos cidadãos às vítimas do incêndio de junho passado em Pedrogão Grande, distrito de Leiria, sejam encaradas como "guerrilha partidária" ou campanha antes das eleições autárquicas de 01 de outubro próximo.
"Face às notícias que têm vindo a público, o PSD decidiu solicitar um esclarecimento cabal por parte do Governo dessa situação, mas não vou repisar essa situação", começou por justificar Pedro Passos Coelho.
Depois, confrontado com o apelo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que não haja guerrilha partidária em torno da questão dos donativos destinados às vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, Pedro Passos Coelho respondeu: "Não conheço as declarações do senhor Presidente da República, mas não há guerrilha partidária nenhuma à volta desta matéria".
Segundo o líder social-democrata, Portugal tem "uma sociedade madura, sendo suposto o Governo gerir com transparência estas matérias".
"Havendo dúvidas, é absolutamente natural que elas sejam colocadas e cabe ao Governo explicá-las. O facto de haver eleições não significa que o Governo deva deixar de explicar ao país aquilo que faz", completou.
Neste contexto, o presidente do PSD deixou então um recado ao chefe de Estado, apontando que em vésperas de eleições autárquicas o executivo socialista "não se cansa de fazer anúncios que, do ponto de vista político, contendem com o dever de neutralidade e de isenção do Governo no ato eleitoral".
"Talvez o senhor Presidente da República possa dizer alguma coisa sobre essa matéria. Isso sim, isso seria importante, numa democracia como a nossa, que o Governo se abstivesse todos os dias de fazer anúncios que violam o seu dever de imparcialidade e de neutralidade", sustentou.
Ainda em relação à utilização e destino dos donativos dos cidadãos para as vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, Pedro Passos Coelho insistiu que "cabe ao Governo dar as devidas explicações aos portugueses".
"Quando o Governo avançou em Conselho de Ministros com uma disposição sobre esta matéria, aprovou que haveria de ficar sob a sua responsabilidade a gestão de uma parte dos donativos privados, integrando depois uma parte pública também. É sobre isso que tem de dar explicações e não sobre aquilo que não está à sua guarda", acrescentou o presidente do PSD.
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