Bekaert, cujo escritório está instalado na localidade flamenca de Tielt, foi também advogado da alegada etarra Natividad Jáuregui, que a Bélgica recusou entregar a Espanha depois de três ordens de detenção emanadas pela Audiência Nacional de Espanha em 2004, 2006 e 2015.

Segundo o L´Echo, Puigdemont y Bekaert reuniram-se hoje à tarde naquela localidade e estiveram em contacto com outros advogados, numa visita organizada pelo ex-porta voz da União Europeia, Amadeu Altafaj, também destituído pelo Governo de Madrid.

Durante a sua permanência no local, Puidgemont manterá contactos com as autoridades flamencas, mas o ministro do Interior belga, Jan Jambom, do partido nacionalista flamenco N-VA, como essa formação políticam já se demarcaram da visita de Puigdemont.

Na mesma linha, o porta-voz da N-VA, Joachim Pohlmann, afirmou que se Puigdemont esteve na capital belga "certamente não foi a convite" do seu partido.

"Na minha agenda não consta qualquer encontro com Puigdemont", disse também à EFE o presidente do Parlamento flamenco, Jan Peumans.

Puigdemont viajou hoje para Bruxelas juntamente com cinco ex-conselheiros do seu gabinete que, com ele, foram destituídos na passada sexta-feira por um decreto do Executivo espanhol para restabelecer a legalidade após a declaração de independência dessa região.

A viagem de Puigdemont à capital belga, com escala em Marselha (França), ocorreu depois de o secretário de Estado belga para a imigração, Theo Francken, membro dos nacionalistas flamencos, ter afirmando no domingo que o ex-presidente da Generalitat da Catalunha tinha a opção de pedir asilo político na Bélgica.

O gabinete do primeiro-ministro belga, o liberal Charles Michel, recusou fazer qualquer comentário sobre a visita de Puigdemont.

Outras fontes belgas asseguraram que, até ao momento, não foi feito por Puigdemont qualquer pedido de asilo político, lembrandop contudo que a Bélgica é um Estado de Direito e que os pedidos de asilo são analisados por instâncias independentes.

O parlamento regional da Catalunha aprovou na sexta-feira a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupavam.

Ao mesmo tempo, em Madrid, o Senado espanhol deu autorização ao Governo para aplicar o artigo 155º. da Constituição para restituir a legalidade na região autónoma.

O executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou no sábado a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o Governo catalão, entre outras medidas.