Acompanhado pelos membros da Comissão Política do Comité Central do PCP Ricardo Costa e Fernanda Mateus, Paulo Raimundo juntou-se hoje às dezenas de trabalhadores da fábrica Dan Cake, na Póvoa de Santa Iria, que cumprem o segundo dia de greve em menos de um mês, reivindicando o aumento do salário mínimo na empresa para 850 euros.

Depois de ter conversado com vários trabalhadores, alguns com cravos na lapela, o secretário-geral do PCP dirigiu-lhes a palavra para defender que a sua luta “é justa”.

Para Paulo Raimundo, é “uma vergonha” que haja trabalhadores que a exigirem aumentos para 850 euros numa altura em há grupos económicos a “lucrar milhões de euros por dia”.

Paulo Raimundo reconheceu que a inflação se traduz em aumentos do preço da farinha, do açúcar ou da manteiga – essenciais para a produção da Dan Cake -, mas salientou que também tem impactos grandes nas contas da população, apelando a que se respeitem os trabalhadores.

“Nós teremos certamente aqui armazéns, mas se juntarem a farinha, a manteiga, o açúcar, mesmo que estejam muito juntinhos, experimentem ao fim de três dias, quatro, cinco, seis, se sai de lá alguma bolacha, alguma torta, se sai de lá alguma coisa… Não, só é possível sair de lá alguma coisa com o vosso trabalho, esforço e dedicação”, disse, provocando um aplauso dos trabalhadores da empresa, maioritariamente composta por mulheres.

O líder comunista sublinhou que é necessário que “haja respeito” e reconhecimento pelo trabalho dos funcionários da Dan Cake, o que se deve traduzir em salários, “porque é com isso que se pagam as contas”.

Em declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo frisou depois que a luta que está a ser feita na Dan Cake é uma “luta mais geral”, que diz respeito a “todos os trabalhadores”, considerando uma “emergência nacional” que se aumentem os salários.

“Os grupos económicos em Portugal têm 11 milhões de euros de lucros por dia, e estas pessoas estão a exigir 850 euros de salário mínimo… Há aqui alguma coisa que não está bem e é preciso urgentemente acabar com esta política de injustiças e de desigualdades e dar direitos a esta gente”, disse.

Em declarações à agência Lusa, a dirigente sindical da Dan Cake na Póvoa de Santa Iria, Etelvina Monteiro, frisou que a greve de hoje já é a segunda no espaço de um mês – a primeira decorreu em 09 de fevereiro – e os trabalhadores da empresa pretendem “continuar até vencer a luta”.

Etelvina Monteiro, que trabalha nas máquinas de embalar bolachas de água e sal, disse que é funcionária da empresa há 32 anos e só ganha 770 euros mensais [o valor do Salário Mínimo Nacional para 2023 é de 760 euros], lamentando que a empresa não queira dar aumentos.

“A empresa diz que está tudo muito caro, mas só para a empresa. Eu estou cá a trabalhar há 32 anos, a empresa nunca nos apresentou um lucro, [só] apresenta os prejuízos. E na nossa casa nós temos que governar com o que temos”, lamentou.

No Dia Internacional da Mulher, os trabalhadores da Dan Cake – uma empresa maioritariamente composta por mulheres – decidiram assim convocar uma nova greve, considerando que essa data é “mais um motivo” para reivindicarem direitos.

Paulo Raimundo também considerou que a greve ocorrer no Dia Internacional da Mulher “calhou bem”, porque é uma “forma determinada de assinalar o dia” e mostrar que “só há igualdade ser houver direitos no trabalho”.

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