Paulo Raimundo falava hoje perante um pavilhão cheio de militantes, no almoço comemorativo do 102.º aniversário do PCP, que decorreu em Corroios, no concelho do Seixal, distrito de Setúbal.

O ‘IVA zero’ para os bens essenciais, adiantou, não resolverá o problema central da especulação nem reduzirá os preços dos bens essenciais aos níveis que se impõe, tendo o mesmo acontecido com a redução do imposto sobre produtos petrolíferos (ISP), nos combustíveis.

“Afirma o Governo que está em negociação com a distribuição. É caso para dizer que o Governo está com uma grande ‘fezada’ na sensibilidade social da grande distribuição. Uma ‘fezada’ que não tem nenhuma sustentação na sua prática relativamente aos preços, e muito menos no que toca aos salários dos seus trabalhadores”, disse.

Mas, adiantou o líder comunista, se o Governo está disponível para avaliar o IVA, “então concretize, tal como o PCP propõe há muito, a redução do IVA na eletricidade, no gás e nas telecomunicações”.

Relativamente aos apoios do Governo a famílias vulneráveis, Paulo Raimundo disse serem importantes, mas limitados, defendendo que o que realmente se impõe é o aumento dos salários.

“O aumento dos salários é uma emergência nacional, que reponha o poder de compra que todos os meses é perdido e não só os 60 cêntimos que o Governo se disponibiliza a dar à administração pública. Façam as contas e verão quão limitadas e insuficientes são as medidas agora avançadas”, disse.

Paulo Raimundo acusou o PS, PSD, CDS, IL e Chega de estarem alinhados em tudo o que é central e decisivo, classificando-os como uma orquestra que toca a mesma melodia concretizando os objetivos de quem considera que decide efetivamente: os grupos económicos.

“Uma orquestra que toca sempre a mesma melodia afinada pelo diapasão dos verdadeiros maestros, que são os grupos económicos. Uns cumprem o turno da governação, outros anseiam por ela, outros batem os pratos e outros tocam violino”, disse Paulo Raimundo, adiantando que cada um cumpre o seu papel nesta orquestra “que inferniza a vida da grande maioria da população”.

Paulo Raimundo reforçou a imagem, afirmando que uns são mais acelerados, outros mais contidos, mas todos tocam a mesma música, enquanto as condições de vida para a esmagadora maioria da população se degrada.

“O grau de injustiça e desigualdade em que vivemos é tal que enquanto três milhões de trabalhadores, 70 por cento do total dos trabalhadores, ganham menos de mil euros brutos por mês, e dois milhões de pessoas estão na pobreza, dos quais mais de 300 mil crianças, os 5% mais ricos concentram 42% de toda a riqueza criada no país”, disse.

Os principais grupos económicos, adiantou, tiveram por dia 20 milhões de euros de lucro.

“É esta gente que está a ganhar com a guerra e com as sanções, é esta gente que não quer ouvir falar de paz, pudera. É esta gente que se empenha fortemente e com os meios que tem para que a guerra continue e se prolongue. Gasolina no fogo, lucros nos cofres, para eles está tudo bem. Pois para nós está tudo mal, acabe-se com a guerra, procurem-se as soluções de paz. É de paz que os povos precisam, não de guerra, nem de destruição” frisou.

Aos militantes que participaram no almoço, Paulo Raimundo exortou à luta, defendendo que o PCP, com 102 anos de história, é o portador da alternativa e a verdadeira oposição ao Governo.

(Artigo atualizado às 18h36)

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