“Se é verdade que esta política tem partidos que a protagonizam, que lhe dão corpo e avanço, também não é menos verdade que esses partidos são compostos por pessoas, algumas delas com grandes responsabilidades no passado pela situação a que chegámos e que não se inibem de, volta não volta, vir mandar umas larachas”, acusou Paulo Raimundo.
Segundo o líder dos comunistas, essas intervenções servem para que a política de empobrecimento “se intensifique e continue a carregar sobre os trabalhadores e a aliviar os grandes grupos económicos”, motivo pelo qual refutou, com ironia, as sugestões.
“Muito obrigado pelos palpites desses responsáveis anteriores. Obrigado. Já os derrotámos, voltem para a barriga da mãe”, atirou Paulo Raimundo, sem nomear os autores dos “palpites”, no dia seguinte a um duro discurso do antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, contra o Governo socialista e em defesa das políticas do PSD.
O líder dos comunistas discursava no final da homenagem a Catarina Eufémia, assassinada há 69 anos, em 19 de maio de 1954, pelas forças do regime fascista, em Baleizão, no concelho de Beja, onde elencou os lucros obtidos no primeiro trimestre de 2023 por alguns grandes grupos do retalho alimentar, como a Sonae, dona do Continente, e a Jerónimo Martins, dono do Pingo Doce.
Segundo o secretário-geral comunista, os 26 milhões de euros lucrados pela Sonae e os 140 milhões do grupo Jerónimo Martins são “um insulto”, e são da responsabilidade da “política de direita” que conduziu o país até à atual situação e “não dá resposta nenhuma aos problemas”.
“Barulho, muito. Mas depois, no concreto, sempre que toca a defender os interesses dos grupos económicos, lá estão juntos PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal juntos na defesa desses interesses. Mas também estão juntos quando importa elevar os direitos dos trabalhadores e os seus salários, lá estão juntos, neste caso, contra os direitos dos trabalhadores”, acusou Paulo Raimundo.
Antes, o secretário-geral já tinha reivindicado para a luta do Partido Comunista Português os “recuos” do Governo liderado por António Costa em matérias como os aumentos das pensões e dos salários, mas frisou que o aumento de 1% na administração pública é “muito insuficiente” e “não cobre sequer o aumento do custo de vida”.
“Mas a luta destrancou a porta dos aumentos. É preciso que a luta, agora, abra essa porta dos aumentos salariais e avancemos por aí em diante. O que se impõe são aumentos reais para todos os salários e pôr fim à injustiça brutal que impera na nossa sociedade”, exigiu Paulo Raimundo.
SYL // ROC
Lusa/Fim
Comentários