Jerónimo de Sousa deixou esta mensagem, em tom de alerta, numa intervenção na Voz do Operário, em Lisboa, na abertura de uma conferência do PCP para assinalar o bicentenário do nascimento do filósofo alemão Friedrich Engels, que escreveu com Karl Marx o “Manifesto do Partido Comunista”.

De acordo com o secretário-geral do PCP, “à sombra da pandemia” de covid-19, está a ser lançada uma “nova onda de centralização, concentração do capital, utilizando a pandemia como pretexto para intensificar a exploração dos trabalhadores e a opressão neocolonialista dos povos, tentando assim desequilibrar ainda mais a repartição da riqueza ao nível mundial em favor do capital”.

“É essa mesma natureza que está na origem das teorias do ‘novo normal’ com que tentam desenhar um novo quadro de relações sociais e políticas, onde o individualismo, o isolamento, a inexistência de perspetivas coletivas, o medo, a repressão, o conformismo, a compartimentação de direitos e o obscurantismo são usados para fazer regredir décadas de conquistas em direitos laborais – incluindo no próprio conceito de relação laboral -, sociais e democráticos”, sustentou.

Segundo Jerónimo de Sousa, “ao mesmo tempo, intensifica-se a corrida aos armamentos e multiplicam-se os focos de tensão e ingerências de agressões contra Estados soberanos, e os setores mais reacionários e agressivos do imperialismo jogam cada vez mais no fascismo e na guerra como ‘saída’ para as insanáveis contradições do sistema capitalista”.

“A luta de classes, que a classe dominante gostaria de ‘confinar’, tende e está a agudizar-se”, considerou, defendendo que “a exigência da superação revolucionária do capitalismo é mais atual e necessária do que nunca”.

Sem falar em casos concretos, o secretário-geral do PCP advertiu que há “vastas manobras em curso para desenvolver novas fileiras de acumulação capitalista nomeadamente no plano tecnológico e ambiental” e uma “espessa cortina ideológica de mentira, desinformação, manipulação, que visa conter a luta dos trabalhadores e dos povos”.