"O Comité Central do PCP alerta e denuncia o desenvolvimento de projetos reacionários que, quer a partir das forças do grande capital e dos setores políticos a elas associados no PSD, no CDS, mas também no interior do PS, quer com recurso à criação e promoção de soluções populistas ou à retoma formal ou informal do chamado Bloco Central, visam intensificar a exploração e retomar o rumo de liquidação de direitos", defendeu o secretário-geral comunista.

Nas conclusões da reunião do órgão máximo do PCP entre congressos, Jerónimo de Sousa respondeu aos jornalistas que a "eleição do novo presidente do PSD, tendo em conta até declarações feitas", demonstra o alerta feito.

"Pensamos que, com um bloco central mais ou menos formal, com o PS sozinho ou acompanhado por qualquer dessas componentes, o que pensamos é que não permitirá esta perspetiva de evolução positiva no plano da reposição de rendimentos e direitos", argumentou.

Questionado sobre as "soluções populistas" a que se refere o PCP, Jerónimo de Sousa respondeu que a lei do financiamento dos partidos é "um exemplo paradigmático" e apontou à posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que vetou politicamente o diploma, devolvendo-o ao parlamento.

Questionado sobre a atitude do Presidente como parte dessa "onda de populismo" respondeu: "É uma consequência. O Presidente da República vetou e enviou o texto para a Assembleia da República, sendo de sublinhar que não tinha qualquer reserva constitucional às alterações".

"Então qual foi a razão objetiva, não havendo inconstitucionalidades, que o levou a vetar e a reenviar essa lei para a Assembleia da República? É uma pergunta que, naturalmente, tem de ser respondida pelo Presidente da República", sustentou.

O PCP está disponível para reconfirmar a lei vetada, ressalvando que a necessidade de uma maioria qualificada coloca o ónus no PSD (o PS já anunciou que confirmará o diploma).

"É necessário uma maioria qualificada, aqui pesa, com certeza, o posicionamento do PSD, que esteve de acordo com as alterações. Em relação ao BE, acho que se está a fazer de morto, ainda não descobri qual é o posicionamento", afirmou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista vincou que, "mesmo no quadro de uma onda de populismo", o partido não altera a sua "posição séria e responsável", ao "contrário de outros, que parece que ficaram um bocado assustados com a dimensão da ofensiva".

"Nós mantemos o nosso posicionamento contrário àquela lei de ingerência, arbítrio, que está em vigor. Essas alterações, em resultado do apelo do Tribunal Constitucional, estamos disponíveis para essa clarificação e para a transparência que nestas matérias tem de haver", defendeu.

Segundo Jerónimo de Sousa, criou-se em torno desta lei "uma mistificação, uma trafulhice autêntica, que tinha, aparentemente, como alvo todos os partidos, mas vai-se destapando e vai-se verificando que o alvo preferencial era o PCP".

O Comité Central do PCP decidiu hoje a realização de uma "campanha nacional de esclarecimento, informação e contacto com os trabalhadores" com início em fevereiro, envolvendo "ações em defesa dos serviços públicos", em que se integram os encontros nacionais do PCP sobre a situação na educação e na saúde, a 17 e 21 de abril.

O PCP decidiu também dedicar o dia 08 de fevereiro à "degradação dos correios e pelo controlo público dos CTT".

As comemorações do segundo centenário do nascimento do filósofo alemão Karl Marx, coautor do Manifesto Comunista, iniciam-se a 24 e 25 de fevereiro com uma conferência na Voz do Operário, em Lisboa, anunciou igualmente Jerónimo de Sousa.