O aviso foi deixado pelo líder comunista, Jerónimo de Sousa, no final de uma sessão com militantes do PCP e dirigentes da CGTP na sede do Centro Vitória, em Lisboa, sobre a defesa dos direitos dos trabalhadores e do aumento dos salários, em que fez um apelo direto aos trabalhadores para que participem na jornada de luta da central, no sábado, em vários locais do país.

“O Governo prepara-se, pelo menos dá a entender, que não vai cumprir o valor do aumento do salário mínimo nacional (SMN) que tinha anunciado. Isto constitui um mau sinal”, afirmou Jerónimo de Sousa, numa reunião que que os participantes, cerca de 20, respeitavam o distanciamento determinado pelas regras quanto à pandemia de covid-19.

O primeiro-ministro não o disse, anotou o líder comunista, e fez “o truque” no debate de quarta-feira no parlamento, em que o PSD apareceu como “mau da fita” a recusar o aumento do salário mínimo para depois o Governo do vir dizer que vai aumentar, mas sem dizer quanto.

Jerónimo já antecipa que será menos do que o anteriormente previsto porque “não pode ser mais”, face à crise causada pela pandemia.

“À cautela”, acrescentou, “é melhor não esperar sentado” para “ver o próximo episódio” deste filme, e pediu “aos trabalhadores” que fiquem “atentos” e “dispostos para a luta”, como pede para ser feito no sábado, na jornada da CGTP.

Depois, usou um argumento político e ideológico, na lógica da “luta de classes”, entre os trabalhadores e os “patrões”, no caso o Governo.

“Eles não nos dão nada. É dos livros, é da história, é da luta de classes: eles nunca nos deram nada, fomos sempre nós que conquistamos”, disse.

Nas grandes opções do plano, o Governo mantém o objetivo de aumentar progressivamente o salário mínimo nacional aos aos 750 euros até 2023, mas o ministro das Finanças não se comprometeu com um valor, optando por falar num “aumento com algum significado”, mas “também equilibrado”.

O aumento do salário mínimo previsto pelo executivo de António Costa previa que atingisse 670 euros em 2021 e 750 em 2023.