"Quando há um défice de execução, alguma coisa se torna incompreensível", afirmou Jerónimo de Sousa numa conferência de imprensa, na sede do partido, em Lisboa, sobre a situação na saúde e em que criticou também a baixa execução orçamental de 2020 - verbas previstas que não foram gastas.

Para o líder comunista, "o Governo deveria ser mais audacioso na concretização das medidas previstas e verbas alocadas para, em tempos de emergência, pelo menos, criar condições para a melhoria do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na resposta a este problema epidémico".

O “combate sem tréguas à pandemia”, insistiu, centrado no apoio sanitário e reforço do SNS, passa pela contratação de mais profissionais de saúde, melhorar as condições de internamento e cuidados intensivos, com “a abertura de mais 200 camas até meados de fevereiro”, e a “mobilização” de pessoal e meios com o “recrutamento dos 500 profissionais em falta” na estrutura de saúde pública.

Outra das medidas é “incentivar o regresso a Portugal de parte dos mais de 20 mil médicos e enfermeiros” que emigraram, garantindo-lhes “segurança do emprego” e uma “carreira justa e atrativa”.

De resto, Jerónimo de Sousa repetiu e insistiu noutras propostas que o PCP foi fazendo nas últimas semanas, como a garantia de salário pago “a 100% e não a 66,6% como o Governo decidiu”, aos pais que têm de ficar em casa com crianças até à idade de 16 anos e não 12 anos “como está definido”, devido ao ensino à distância.

Perante a situação de crise no país, são necessárias "medidas excecionais" de proteção da saúde", mas que não se "transformem em arma de arremesso de para atropelar direitos e garantias dos trabalhadores" ou para "encerrar empresas que fazem falta".

PCP quer rapidamente vacinas para todos, venham da China, Rússia ou Israel

O PCP voltou hoje a defender que Portugal não pode ficar dependente das farmacêuticas que contrataram vacinas com a União Europeia (UE) e sugeriu que podem vir da Rússia, China ou Israel.

“Onde existirem vacinas que dêem resposta a este premente problema, naturalmente elas serão bem-vindas”, disse o líder dos comunistas, Jerónimo de Sousa, questionado sobre se Portugal poderia comprar vacinas à China ou à Rússia.

Na resposta, disse que sim, mencionou a China (e não a Rússia), mas acrescentou Israel como país onde poderia ser possível o Governo comprar vacinas, acrescentando: “Não temos qualquer caráter discriminatório, seja da China, Israel.”

Jerónimo de Sousa deu razão e disse que “é compreensível” que países da UE como a Alemanha “estejam a procurar outras soluções mais céleres”, não respondendo, porém, à questão de quem daria a autorização para Portugal poder fazer a vacinação com fármacos extracomunitários, que tem aprovação por um organismo europeu.

“Nada justifica que o Governo português fique condicionado a adquirir vacinas fora do quadro das empresas” aprovadas na UE, num momento em que se registam atrasos, e que aceite que “os interesses egoístas dessas grandes farmacêuticas prevaleçam sobre o direito à saúde e à vida das populações”, disse.

A vacinação, disse Jerónimo na sua intervenção inicial, é um “importante meio de combate ao vírus e de preservação de vida” e o acesso a ela pelos portugueses deve ser um “objetivo essencial” e não ficar sujeito a racionamento”.

“Impõe-se que se definam com clareza critérios de acesso”, como forma de combater de “forma firme abusos e aproveitamentos”, avisou ainda.

Nos últimos dias, surgiram vários casos de vacinação de pessoas que não estão dentro das prioridades para esta fase do plano de vacinação, o que já levou à abertura de inquéritos pelo Ministério Público e pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS)

Jerónimo de Sousa apoia estas ações para investigar este tipo de abusos “aqui e acolá”, mas defendeu o combate “firme” contra aproveitamentos.

Mas o que inquieta o líder comunista é a possibilidade de “não haver vacinas para todos”.

“O que é preciso é que haja vacinas para todos”, disse, por duas vezes, deixando ainda um apelo aos portugueses sobre o processo de vacinação: “Nada de abusos. Cada um na sua vez. O que é importante é haver vacinas para todos os portugueses.”