“Contrariamente ao que vinha sendo afirmado, [os resultados] expressaram a rejeição da extrema-direita xenófoba e reacionária por parte da esmagadora maioria do povo holandês, no entanto, também forças de direita holandesas foram assumindo ao longo do tempo algumas conceções assumidas pela extrema-direita”, disse à agência Lusa Pedro Guerreiro, do secretariado do Comité Central do PCP.

As eleições de quarta-feira ditaram a vitória dos liberais do VVD, do primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, com 33 deputados, enquanto o Partido da Liberdade (PVV), de Geert Wilders – extrema direita -, ficou na segunda posição, com 20 deputados (13% dos votos), quando nas últimas eleições tinha conquistado 15 assentos parlamentares.

Em declarações à Lusa, Pedro Guerreiro afirmou que os resultados mostram igualmente "um recuo e uma penalização dos partidos que têm estado no poder na Holanda, que têm profundas responsabilidades na condução e suporte às políticas da União Europeia, que se têm caracterizado pelo retrocesso social e pelo aumento das desigualdades nos diferentes países da UE”.

O responsável sublinhou ainda que “os dois partidos que têm assumido as mais importantes responsabilidades governativas são os partidos que mais recuam, particularmente o partido da família socialista, os sociais-democratas do partido trabalhista, que sofrem um recuo histórico”.

“O resultado não deverá ser utilizado para branquear as políticas da UE e as suas consequências, nem para justificar novas fugas em frente neste processo de integração, que se tem caracterizado por estar ao serviço das suas grandes potências, nomeadamente da Alemanha, e do interesse dos grandes grupos económicos”, defendeu.

Os liberais do VVD foram a formação mais votada (21% dos votos) e o seu líder, Mark Rutte, terá prioridade para tentar formar governo, embora tenha perdido oito deputados face às eleições de 2012.

Rutte poderá procurar coligar-se com os democratas cristãos do CDA ou os liberais progressistas do D66, partidos que ficaram empatados em terceiro lugar, com 19 deputados cada, uma subida de seis e sete assentos, respetivamente.

No quinto lugar ficaram o SP (Partido Socialista, à esquerda do trabalhista), que perde um deputado e fica com 14, e os Verdes da Esquerda, o partido que mais subiu nestas eleições, passando de quatro para 14 deputados, segundo a agência EFE.

Os sociais-democratas do PvdA (Partido do Trabalho), que nos últimos quatro anos governaram em coligação com o VVD, sofreram uma derrota histórica e passam de 38 para nove deputados.

O Partido dos Animais passa de dois para cinco deputados, empatando com os Cristãos Unidos, que obtiveram o mesmo resultado das últimas eleições.