Uma "batalha" que "é preciso travar já e agora" no debate do orçamento para que o Governo cumpra os seus compromissos porque, argumentou Jerónimo de Sousa, secretário-geral dos comunistas, para quem, "como diz o povo, enxoval que não vá com a noiva, tarde ou nunca aparece".

A promessa foi feita após quase duas horas de debate, na sede do partido do Centro Vitória, em Lisboa, com produtores, realizadores e outros técnicos de cinema para ouvir os seus problemas, e a quem disse que voltaria a falar tendo em conta que o Orçamento do Estado é apresentado dentro de menos de um mês, em outubro.

"Aí é como um embate", descreveu, para não ficar a ideia de que todos estão "cheios de razão", mas, "paciência", nada foi aprovado.

E, admitiu, "ainda existem expectativas em relação ao Plano de Recuperação e Resiliência do Governo, com fundos europeus, para responder à crise causada pela pandemia de covid-19.

Repetiu, aliás, o que já dissera no domingo, após a reunião do comité central que aprovou o nome de João Ferreira como candidato presidencial, de que é preciso saber "para quem e para onde" vão "os milhões" da Europa.

"Vêm milhares de milhões? Vêm, mas para onde?", questionou o secretário-geral do PCP, insistindo no atual "quadro de dificuldades económicas e sociais" é necessário um "reforço dos serviços públicos, da dinamização de setores da cultura".

Na abertura do debate, o secretário-geral do PCP “escreveu” um “guião” de problemas de “precariedade e incerteza” para o “filme” da crise no cinema português.

“Isto não há-de ser sempre assim. Os profissionais, os artistas, mulheres e homens do cinema estarão interessados em manter esta componente da nossa cultura, como afirmação da nossa soberania cultural, tão importante para o nosso povo”, que “gosta de cinema e de cinema português”, afirmou.

Antes, o líder comunista enumerou os problemas do setor, “agravados” por meses de paralisação causada pela pandemia de covid-19, a começar pelo “desinvestimento nas políticas públicas” que, a par das “imposições” vindas da Europa e com “os monopólios”, que se traduzem em “limites à livre criação e fruição do cinema”

Em quatro frases, Jerónimo de Sousa apontou a “precariedade e incerteza quanto ao futuro”, com “falsos recibos verdes”, “horários desregulados”, “salários que não valorizam a criação artística” e que levam a “situações de miséria para quem termina a carreira artística”.

A pandemia, acrescentou, “tornou ainda mais clara esta realidade”, com a “suspensão ou paragem de gravações”, levando “a situações dramáticas centenas de trabalhadores”.

E no panorama geral, no cinema ou na televisão, criticou a hegemonia dos filmes americanos, dando o exemplo do tempo em que esteve em confinamento, em março e abril.

Ao ligar a televisão, recordou, havia um “bombardeamento de produtos e subprodutos americanos”.

“Filmes que não convidam nada a sermos amantes do cinema”, acrescentou.

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