Na entrevista, publicada dias antes de ser recebido pelo líder do PSOE e primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, não poupa a direita e garante que “mais tarde ou mais cedo” PSD e Chega acabarão por se unir, já que "nunca poderão governar se não se entenderem".
Pedro Nuno Santos acredita que "a fragilidade do principal partido de centro-direita leva muitos eleitores a refugiarem-se no partido populista Chega", de André Ventura, o que é "profundamente negativo para Portugal".
Apesar disso, admite que "os casos judiciais que envolvem políticos no poder", e que já levaram à demissão do primeiro-ministro, António Costa, e do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, "contribuem para dar eleitorado ao Chega". Pedro Nuno Santos nega, no entanto, que Portugal tenha mais problemas de corrupção do que os restantes países europeus.
O ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação, que deixou o governo em Dezembro de 2022, confessa que saiu "desiludido e desanimado", mas convencido de que estava a fazer "um trabalho muito importante", nomeadamente na TAP, "que o Governo salvou e que apresentava resultados muito positivos". "O Governo não caiu por má gestão", disse ao "El País".
Pedro Nuno Santos, que na próxima quarta-feira estará em Bruxelas para uma série de reuniões, acredita que "a União Europeia deve refletir sobre a liberdade que dá aos Estados para resolverem problemas".
Apesar da insistência da jornalista Tereixa Constenla, que lembrou que a única das três legislaturas lideradas por António Costa que foi até ao fim foi a da geringonça, Pedro Nuno Santos garantiu que um acordo "não está, neste momento, no horizonte", apesar de considerar que "foi uma experiência governativa que funcionou bem e da qual os portugueses têm boas recordações".
Sondagem dá vantagem ao PS
Por cá, enquanto Rui Tavares, líder do Livre, diz que Pedro Nuno Santos ainda não esclareceu se pode ou não voltar a entender-se com PCP e Bloco de Esquerda, desta vez incluindo Livre e PAN, uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF coloca o PS cinco pontos à frente da AD.
Em comparação com os dados de Dezembro, o PS cai mais de um ponto percentual, mas continua a liderar as preferências, com 32,7% das intenções de voto. Mais de metade dos inquiridos acredita que serão os socialistas a ganhar as eleições de 10 de Março.
A Aliança Democrática sobe, mas fica-se por 27,4% das intenções de voto, quase cinco pontos abaixo do PS. À direita, a grande subida é do Chega, que aparece com 16,2%, o que significaria um grupo parlamentar com cerca de 25 deputados (hoje tem doze) e dá a André Ventura a capacidade de viabilizar ou bloquear uma solução de governo.
O Bloco de Esquerda também sobe e atinge os 8% das intenções de voto, o que daria a Mariana Mortágua, coordenadora do partido, uma duplicação do resultado obtido por Catarina Martins há dois anos. De acordo com a sondagem da Aximage publicada hoje, juntos os partidos de esquerda - PS, BE, PCP, Livre e PAN -, conseguiriam no máximo, todos juntos, um empate com o bloco da direita.
Uma nota final para dizer que a sondagem indica uma tendência. Como foi realizada entre os dias 16 e 20 de Janeiro, não inclui eventuais reacções ao caso judicial que afecta a Madeira ou sequer a Convenção da AD. A amostra é curta: 801 entrevistas (671 online e 130 por telefone) e tem uma margem de erro de 3,5% (para cima e para baixo).
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