O candidato do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) foi investido em segunda votação pela maioria simples dos deputados do parlamento espanhol (mais votos a favor do que contra): 167 deputados a favor, 165 contra e 18 abstenções.
A investidura de Sánchez põe fim a quase um ano de paralisia política em que liderou um executivo de gestão e a margem mínima de dois deputados que o elegeu leva a prever uma legislatura difícil.
Este é o primeiro Governo de coligação formado desde o início da democracia espanhola, que começou com a aprovação da Constituição de 1978, três anos após a morte do ditador Francisco Franco.
Esta investidura apenas foi possível, não só com os votos a favor do Partido Nacionalista Vasco (6), do Más País (3), do Nueva Canarias (1), do BNG (1) e do Teruel Existe (1), mas também com a abstenção da Esquerda Republicana da Catalunha (13), o maior dos partidos independentistas catalães, cujo líder, Oriol Junqueras, está a cumprir uma pena de 13 anos de prisão pelo seu envolvimento na tentativa separatista de 2017, assim como do EH Bildu (5).
A votar contra estiveram os partidos da direita e extrema-direita espanhola, o Partido Popular (88), o Vox (52) e o Ciudadanos (10), assim como o Junts per Catalunya (partido maioritário da Generalitat, com 8 votos), CUP (2), UPN (2), CC (1), Foro Asturias (1) e PRC (1).
A sessão de investidura começou no sábado e foi marcada desde logo por forte contestação. Sánchez apresentou nesse dia o programa do Governo de coligação que os socialistas pretendiam formar com o Unidas Podemos (extrema-esquerda).
O programa prevê o aumento dos salários mais baixos e dos impostos sobre as maiores empresas, assim como reverter a reforma do mercado de trabalho feita em 2012 pelo Governo de Mariano Rajoy, do PP (Partido Popular).
O Unidas Podemos (uma coligação de vários partidos) deverá ser responsável por quatro pastas ministeriais do futuro executivo, entre elas uma vice-presidência para o secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, e outra para o líder da Esquerda Unida (inclui o Partido Comunista Espanhol), Alberto Garzón.
O PSOE e o PP foram-se alternando na condução de todos os executivos espanhóis durante os últimos 40 anos.
Sánchez tornou-se primeiro-ministro em junho de 2018, depois de propor uma moção de censura que derrubou o governo minoritário de Mariano Rajoy muito fustigado pelos escândalos de corrupção de membros do PP.
O líder socialista dirigiu um executivo também minoritário até que foi incapaz de aprovar no início de 2019 o Orçamento de Estado, tendo convocado eleições antecipadas.
O PSOE foi o partido mais votado em abril do ano passado, mas longe da maioria absoluta, não tendo conseguido formar um Governo com o Unidas Podemos, o que levou à repetição da consulta eleitoral.
Nas eleições de 10 de novembro último, para o Congresso dos Deputados, o PSOE teve 28,0% dos votos (120 deputados), seguido pelo PP com 20,8% (88), o Vox (extrema-direita) com 15,1% (52), o Unidas Podemos com 12,8% (35), e o Cidadãos (direita liberal) com 6,8% (10), ERC com 3,6% (13), com os restantes votos divididos por partidos de menor dimensão.
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