“A solidariedade europeia, mas também a de todo o país, tem que chegar o mais rapidamente possível às populações”, afirmou Catarina Martins na apresentação do candidato bloquista à câmara de Odivelas nas autárquicas de 01 de outubro, Paulo Sousa.
Na véspera de se assinalar um mês sobre o incêndio de Pedrógão Grande, que fez 64 mortos e mais de 250 mortos, a líder bloquista admitiu que “o Estado não pode fazer tudo”.
“Mas cabe ao Governo a responsabilidade de agilizar, pedir transparência, de falar com as instituições privadas que receberam essa solidariedade de todo o país, para termos a certeza de que chega da melhor maneira, da maneira mais justa às populações afetadas”, disse.
Catarina Martins sublinhou algumas decisões positivas de apoio às populações afetadas, nomeadamente no parlamento, por ação da eurodeputada bloquista Marisa Matias, “em convergência com o PCP”.
“Conseguimos aprovar uma proposta vinculativa para ser reforçado e agilizado o fundo de solidariedade para as populações atingidas pelos incêndios em Portugal”, explicou.
Mas é preciso fazer mais neste “momento de reconstrução”, além do plano para reabilitar a habitação, defendeu.
É preciso, disse, “reconstruir a capacidade produtiva” da região, para a qual, alertou, existem planos e prazos, e vincou que reconstruir estufas ou recuperar tratores significa “recuperar emprego”.
Além disso, é necessário utilizar os fundos de prevenção de catástrofes, de forma a tentar evitar que se repitam incêndios com a gravidade dos que atingiram o centro do país, em junho.
Esses fundos podem ser usados nos trabalhos de cadastro da floresta, uma das questões importantes no pacote da reforma florestal, e que deverá ser votada na próxima semana na Assembleia da República.
Os incêndios de junho iniciados em Pedrógão Grande provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos e consumiram mais de 53 mil hectares.
Os fogos da região Centro afetaram aproximadamente 500 habitações, quase 50 empresas e os empregos de 372 pessoas.
Os prejuízos diretos dos incêndios ascendem a 193,3 milhões de euros, estimando-se em 303,5 milhões o investimento em medidas de prevenção e relançamento da economia.
Para as eleições autárquicas de outubro, Catarina Martins sublinhou um objetivo que o Bloco coloca para a gestão nas autarquias – a transparência.
Há, afirmou, uma “nova exigência do trabalho autárquico”, a transparência, apontando que tem “existido uma arrogância dos vários poderes” para com as autarquias, “perdoando-se a falta de transparência e clientelismo”.
No mesmo dia em que António Costa, líder do PS e primeiro-ministro, disse que a descentralização deve ser "um marco do próximo mandato autárquico", Catarina Martins juntou-lhe a transparência.
"O BE acha que o país é centralista demais e precisa de descentralização. Mas podemos nós ter um processo de descentralização que seja tão opaco como a gestão das autarquias?", questionou.
Para a coordenadora do Bloco, é necessário pôr a "exigência da transparência no mesmo tabuleiro" em que é "posta a exigência dos meios e das competências, para que a democracfia possa ser mais forte".
"Descentralização sim, mas não em nome do clientelismo. Sim, em nome de uma democracia e de uma cidadania ativa", concluiu.
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