Em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião com os autarcas de Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa e Pedrógão Grande, o primeiro-ministro explicou que estes centros terão “condições para dar resposta quer a alojamentos de emergência quer a apoios sociais de emergência que sejam necessários”, na sequência do incêndio que deflagrou na região e já fez, pelo menos, 61 mortos.

O primeiro-ministro anunciou ainda que “ficam encerrados por tempo indeterminado” os estabelecimentos de ensino dos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera.

António Costa acrescentou que todos os alunos residentes nestes concelhos – independentemente de onde estudam – que tivessem provas de exame ou de aferição na próxima semana terão as suas provas adiadas.

“Em devida altura, serão remarcadas para que as possam realizar nas melhores condições”, referiu, pedindo às rádios que transmitissem estas duas informações, uma vez que em muitas aldeias não há luz elétrica e a rádio é a única fonte de informação das populações.

António Costa informou ainda que a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, permanecerá em Pedrógão Grande para articular as respostas necessárias e o ministro do Planeamento, Pedro Marques, coordenará, como aconteceu nos incêndios da Madeira no ano passado, o conjunto de apoios que serão necessários.

“Infelizmente a situação não está ainda concluída e prossegue um trabalho muito penoso de identificar, aldeia a aldeia, eventuais vítimas”, referiu António Costa.

O primeiro-ministro assegurou que todos os meios disponíveis estão a ser mobilizados, quer a nível nacional, quer a nível internacional.

“As equipas da Polícia Judiciária e Medicina Legal estão a trabalhar na identificação das vítimas, as Forças Armadas estão a reforçar a sua presença com batalhões, quer da Marinha, quer do Exército”, acrescentou.

Segundo António Costa, as Forças Armadas irão não só ajudar no rescaldo do incêndio, rendendo os homens no terreno, mas também ajudarão as equipas da Proteção Civil e técnicas da Segurança Social a deslocarem-se às aldeias ainda não acessíveis.

O primeiro-ministro confirmou que ainda existem aldeias em risco, mas que as mesmas foram evacuadas, com a colaboração da GNR.

“Aproveitava para apelar a todas as pessoas para que, sempre que receberem indicações das autoridades, é imperioso que as sigam, a principal prioridade tem de ser a salvaguarda das vidas humanas”, pediu.

Questionado sobre o impacto financeiro desta tragédia e se o país pondera pedir ajuda suplementar à União Europeia, o primeiro-ministro remeteu essas contas para mais tarde.

“Ainda não temos feita essa avaliação, se for necessário acionaremos esses mecanismos, o que é importante é que temos contado com toda a solidariedade que tem sido solicitada”, afirmou.

No que respeita aos meios de combate aos incêndios, Costa assegurou que, neste momento, entre os meios próprios e o reforço de Espanha e França, “são ajustados às necessidades”.

“Temos aqui uma situação muito específica: pela primeira vez uma calamidade de dimensão humana absolutamente desproporcionada àquilo que é o número de incêndios e os impactos materiais destes incêndios”, afirmou, considerando que nos próximos dias serão necessários “nervos de aço” e “carinho” para com os que sofreram perdas humanas e materiais.

“As lições tiram-se no momento próprio, agora o que interessa é combater os incêndios em curso, apoiar famílias enlutadas, identificar vítimas, restabelecer infraestruturas de comunicações e eletricidade”, resumiu.

O fogo em Pedrógão Grande, que causou pelo menos 61 mortos, deflagrou ao início da tarde de sábado numa área florestal na localidade de Escalos Fundeiros e alastrou-se aos municípios vizinhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, obrigando a evacuar povoações ou deixando-as isoladas.