“Aviões da Força Aérea israelita atacaram a escola Ahmed Abdel Aziz, que acolhia pessoas deslocadas no oeste de Khan Yunis”, informou a Defesa Civil do enclave palestiniano, que pouco depois confirmou ter começado a retirar cadáveres de entre os escombros.
O ataque ocorreu hoje à noite, próximo do Centro Médico Nasser, no sul da cidade, segundo a agência noticiosa palestiniana Wafa.
Vídeos partilhados nas redes sociais após o bombardeamento mostram cenas de pânico, com dezenas de homens e algumas mulheres, apressados, a acorrerem ao local, onde continua a haver incêndios ativos, entre gritos, envolvendo corpos em cobertores ou tentando juntar os restos mortais dispersos das vítimas.
Pouco depois do ataque, o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder na Faixa de Gaza, divulgou um comunicado indicando que o número de mortos no território ultrapassou hoje os cem.
Questionado pela agência de notícias espanhola Efe sobre o bombardeamento em causa, o Exército israelita disse estar “a rever o caso”.
O dia começou no enclave com um ataque semelhante no norte, quando aviões atingiram a escola Jalil Owaidah, em Beit Hanun, parte da área que está sob cerco do Exército israelita há mais de dois meses.
Embora as primeiras estimativas apontassem para 15 mortos, o Governo do Hamas afirmou que o número de mortos no centro da cidade aumentou para 43.
A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 07 de outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e fazendo também 251 reféns, 96 dos quais continuam em cativeiro, 36 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 436.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 44.976 mortos (cerca de 2% da população), entre os quais mais de 17.000 menores, e 106.759 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de 14 meses de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Uma comissão especial da ONU acusou há três semanas Israel de genocídio na Faixa de Gaza e de estar a utilizar a fome como arma de guerra – acusação logo refutada pelo Governo israelita.
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