Ao princípio da noite, a polícia voltou a avisar os manifestantes de que ia recorrer à força, antes de começar a disparar granadas de gás lacrimogéneo para dispersar o protesto, indicou o diário South China Morning Post (SCMP).
Os manifestantes mantiveram as suas posições, refugiados atrás de uma barreira de guarda-chuvas, e responderam com o lançamento de vários projéteis, como tijolos, tinta e garrafas, contra os agentes antimotim.
A Autoridade Hospitalar indicou que pelo menos 16 feridos deram entrada num hospital da cidade, pelas 00:30 (19:00 de domingo em Lisboa). Quatro já tiveram alta e os restantes 12 ficaram hospitalizados em estado estável, acrescentou, citada pelo SCMP.
Os confrontos prosseguiram durante horas e em vários pontos de duas das principais artérias da cidade, Connaught Road e Des Voeux Road, ao longo de quase seis quilómetros, nas zonas financeira e comercial da cidade.
Pelas 18:00 (11:00 em Lisboa), as autoridades de Macau anunciaram a suspensão das ligações de ‘ferry’ com Hong Kong, uma vez que o porto se encontra numa das zonas dos confrontos, Sheung Wan, com os manifestantes a tentarem, como há uma semana, protestar junto do Gabinete de Ligação do Governo central na região administrativa especial chinesa.
Entretanto, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau, do Conselho de Estado chinês, anunciou que vai realizar uma conferência de imprensa, em Pequim, para apresentar “a sua posição sobre a atual situação” na cidade, de acordo com um comunicado do Governo central.
Esta será a primeira vez que aquele Gabinete realiza um encontro com a imprensa sobre a cidade, desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 1997.
Os confrontos de domingo ocorreram um dia depois de uma manifestação em Yuen Long, no nordeste do território, que causou pelo menos 23 feridos e levou à detenção de 11 pessoas, segundo os últimos dados oficiais.
De acordo com a estação pública RTHK, 11.000 pessoas concentraram-se no domingo à tarde, no jardim Charter, no centro da cidade, para mais um capítulo da contestação na rua, iniciada em junho contra as emendas à lei da extradição, entretanto suspensas.
Os manifestantes exigem uma resposta do Governo de Carrie Lam a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de junho e 01 de julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
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