“O Conselho Nacional do PEV classificou os resultados eleitorais do passado domingo como muito preocupantes. Os resultados ficaram aquém das expectativas e dos objetivos traçados pela CDU [coligação que juntou este partido e o PCP], a qual não vê reforçada a sua presença no parlamento”, lê-se num comunicado divulgado à imprensa pelo partido, que realizou hoje uma reunião do seu Conselho Nacional, órgão máximo entre convenções.

O partido lamenta o facto de não ter sido eleito nenhum deputado dos ‘Verdes’ para a Assembleia da República, “o que esvazia o parlamento de uma agenda ecologista concreta, num momento em que os desafios ambientais e sociais que estão criados (como o combate às alterações climáticas, a preservação da biodiversidade, ou o combate à pobreza, para dar alguns exemplos) requerem uma intervenção muito empenhada”.

“Por outro lado, verificou-se, depois de uma desastrosa maioria absoluta do PS, um significativo reforço da direita e da extrema-direita, o que gera, na perspetiva do PEV, as condições para a continuidade ainda mais acentuada de políticas que fomentam as desigualdades a vários níveis, que beneficiam os grandes grupos económicos e que, para o efeito, sacrificam, de uma forma ou de outra, aqueles que vivem do seu trabalho com salários já exíguos”, criticam.

Os ‘Verdes’ preveem políticas “de fragilização de serviços públicos tão fundamentais como o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública, e o desinvestimento em áreas tão relevantes como o ambiente, a habitação ou a cultura”.

“Ainda não estando apurada a totalidade dos resultados, por faltar conhecer os votos dos círculos da emigração, não se conhecem os entendimentos para a formação de um próximo Governo, mas perspetivam-se tempos de resistência e de lutas intensas”, antecipam.

Apesar de valorizar a maior afluência às urnas no passado domingo, o partido ecologista considera que “os resultados não se traduzirão numa solução que dê resposta adequada aos problemas que o país enfrenta”.

No curto prazo, os dirigentes do PEV adiantam que o partido vai assinalar, “quer de modo próprio, quer em iniciativas conjuntas e também de massas, os 50 anos do 25 de Abril”.

“Hoje, mais do que nunca, importa reforçar o valor do aprofundamento da democracia e da defesa dos direitos fundamentais conquistados com a Revolução dos Cravos. Pelo cumprimento da Constituição da República Portuguesa e com horizonte centrado nos valores de Abril, os Verdes marcarão presença ativa nas manifestações populares do 25 de Abril e no 1º de Maio. Outras iniciativas, neste quadro, serão levadas a cabo e anunciadas oportunamente”, lê-se no texto.

A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.