A plataforma, que reúne 11 sindicatos da PSP e associações da GNR, foi criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança, nomeadamente um suplemento de missão idêntico ao da Polícia Judiciária, e tinha cancelado os protestos durante a campanha eleitoral, adiando novas iniciativas para depois das eleições de domingo, ainda sem resultados finais, apesar de a Aliança Democrática (AD) ter assumido a vitória.

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) disse à Lusa que a plataforma vai reunir-se no final do mês para delinear os passos a seguir, que vão passar por pedir uma reunião ao novo Governo e saber se está disponível para iniciar negociações com os sindicatos e avançar com o prometido.

Paulo Santos recordou que Luís Montenegro, presidente do PSD, prometeu aos sindicatos das forças de segurança resolver o problema do suplemento de missão.

“Queremos ver se Luís Montenegro vai cumprir com a palavra”, disse o presidente do maior sindicato da Polícia de Segurança Pública, frisando que as negociações devem começar o mais rapidamente possível e, caso as reivindicações não sejam acauteladas, os polícias prometem regressar aos protestos.

Paulo Santos esclareceu ainda que não está em causa apenas a atribuição de suplemento de missão, mas também a revisão das tabelas remuneratórias e a questão da falta de atratividade da profissão, que pode provocar um problema operacional na PSP.

Também o presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), Armando Ferreira, disse à Lusa esperar que Luís Montenegro, que deverá ser o futuro primeiro-ministro, “tenha sentido de Estado e desencadeie as necessárias e urgentes negociações com os sindicatos representativos da PSP para a atribuição do suplemento de missão” semelhante ao da PJ.

Armando Ferreira sustentou que “é isso que os polícias esperam”.

O presidente do Sinapol, que também faz parte da plataforma, disse ainda que o novo Governo vai ter de fazer uma análise profunda sobre “a falta de candidatos às forças de segurança”, considerando que deve ser repensado o atual modelo das polícias em Portugal.

Os elementos da PSP e da GNR realizaram protestos durante mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à PJ, aprovado pelo Governo PS no final de novembro do ano passado.

A maioria dos protestos foi convocada através de redes sociais, nomeadamente ‘WhatsApp’ e ‘Telegram’, tendo surgido um movimento inorgânico, ‘movimento inop’, que não tem intervenção dos sindicatos.

A AD, que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.