Numa entrevista à rádio estatal húngara, citada pelas agências internacionais, o governante húngaro precisou que tem mantido contactos com o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, e com o antigo ministro do Interior italiano e líder do partido Liga Matteo Salvini, cujas forças políticas são aliadas ideológicas da União Cívica Húngara (Fidesz, direita conservadora e nacionalista) de Orbán.
“A Polónia, Itália e Hungria vão tentar reorganizar a direita europeia, e, em breve, estaremos juntos e iremos planear o futuro”, indicou o primeiro-ministro húngaro.
Esta entrevista de Orbán surge um dia depois do Fidesz ter abandonado o Partido Popular Europeu (PPE), a família política europeia de centro-direita, após vários anos de divergências sobre o respeito da Hungria pelas normas democráticas e pelo Estado de Direito.
“Chegou o momento de dizer adeus”, escreveu a secretária de Estado húngara para a Família, Katalin Novak, numa mensagem publicada na rede social Twitter, acompanhada por uma carta de desfiliação assinada pelo secretário internacional do Fidesz.
O partido húngaro oficializou desta forma a rutura definitiva com a maior família política da União Europeia (UE).
No início de março, a formação de Viktor Orbán já se tinha retirado do grupo PPE no Parlamento Europeu, ao denunciar a aprovação de uma reforma dos estatutos.
Uma parte dos membros do PPE defendia há muito a exclusão do Fidesz, devido às tomadas de posição anti-Bruxelas do seu líder e às medidas consideradas atentatórias aos direitos fundamentais.
O PPE acusa Orbán de ter abandonado os princípios democráticos cristãos em favor de uma auto-designada “democracia iliberal”, enquanto o governante húngaro afirma que o PPE se tornou num “anexo da esquerda” em questões como as migrações e a soberania nacional.
O Fidesz lidera o governo húngaro com uma maioria quase ininterrupta desde 2010, mas o partido terá um importante desafio no próximo ano, quando terá de esgrimir as intenções de voto com seis partidos da oposição unidos nas eleições nacionais.
Atualmente, os 11 representantes do Fidesz no Parlamento Europeu estão sem bancada e vários analistas têm vindo a especular que o partido de Orbán poderia aliar-se ao grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, direita nacionalista eurocética), ao lado dos eurocéticos polacos do partido Lei e Justiça (PiS), ou ao grupo Identidade e Democracia (ID, extrema-direita), anteriormente chamado Europa das Nações e das Liberdades, no qual a Liga de Salvini é membro.
No entanto, as declarações de hoje de Orbán sugerem que a intenção é criar de raiz uma nova força política de direita a nível europeu.
SCA (PCR) // ANP
Lusa/Fim
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