A visita a Hebron de Netanyahu, a primeira desde 1998 segundo os ‘media’ israelitas e realizada em plena campanha eleitoral, está a ser encarada como uma tentativa para angariar o apoio do eleitorado da direita nacionalista israelita para o escrutínio do próximo dia 17 de setembro.

“Não procuramos deserdar ninguém, mas também não queremos ser deserdados”, declarou Netanyahu em Hebron, enaltecendo o aumento de “habitações” nos territórios palestinianos ocupados, numa referência aos colonatos israelitas.

“Não somos estrangeiros em Hebron, ficaremos cá para sempre”, reforçou o primeiro-ministro israelita, qualificando aquela cidade como “a raiz da nação judia”.

O pretexto da visita do chefe do Governo israelita foi uma cerimónia que assinalou o 90.º aniversário do assassínio de 67 judeus por palestinianos em Hebron.

Estes acontecimentos, que remontam a 1929, ocorreram junto do Túmulo dos Patriarcas, o segundo lugar mais sagrado do judaísmo que fica localizado nesta cidade declarada património mundial pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 2017.

Após estas mortes, que ocorreram na época do mandato britânico da Palestina, a comunidade judia residente em Hebron foi forçada a partir.

Atualmente, vivem em Hebron perto de 800 judeus, a maioria por convicção ideológica e sob forte proteção militar, e cerca de 200 mil palestinianos. A coexistência é difícil e tensa, existindo frequentemente relatos de incidentes violentos.

Em reação, a Autoridade Palestiniana classificou a visita de Netanyahu como “provocadora”, afirmando que a deslocação foi motivada por razões políticas.

“É uma visita puramente colonialista e racista (…). Trata-se de uma tentativa de conquistar os votos da direita e da extrema-direita”, denunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana.

Pouco antes do início da cerimónia, cerca de 20 palestinianos manifestaram-se no centro de Hebron, entoando frases de ordem e exibindo uma grande bandeira palestiniana, segundo testemunhou no local um jornalista da agência France Presse (AFP).

A mesma fonte relatou que os manifestantes lançaram posteriormente pedras e petardos em direção aos soldados israelitas que estavam no local.