Um educador de infância e um treinador de futebol estão entre 16 homens detidos nos últimos meses nos estados australianos de Nova Gales do Sul, Queensland e Austrália Ocidental, sob 828 acusações de abuso sexual de crianças e de produção e distribuição de material sobre abuso de menores e bestialidade, informou a comissária-adjunta da Polícia Federal australiana, Justine Gough.

A investigação, iniciada há vários meses, permitiu identificar 46 vítimas na Austrália, com idades entre os 16 meses e os 15 anos.

“Nenhuma criança deve ser sujeita a abuso e violência por parte das pessoas em quem confia, quer se trate de um membro da família, de um educador de infância ou de um treinador de futebol”, disse a comissária-adjunta da polícia. “Triste e dolorosamente, este tem sido o caso dos maus-tratos infligidos às vítimas” na Austrália, acrescentou.

A polícia remeteu 18 “casos” para os Estados Unidos, onde três homens foram detidos por vários crimes relacionados com material pedopornográfico, explicou Justine Gough.

Outros 128 casos foram remetidos para as autoridades do Canadá, Ásia, Europa e Nova Zelândia, para investigação.

O Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas dos Estados Unidos, uma organização sem fins lucrativos, financiada pelo governo norte-americano, forneceu à polícia australiana a pista inicial que levou ao desmantelamento da rede, em fevereiro. Nessa altura, informaram que um homem em Nova Gales do Sul estava a carregar informaticamente material sobre abuso sexual de menores, disse Gough.

A polícia deteve o homem de 30 anos em Wyong, uma localidade a norte de Sidney. Uma busca no computador do suspeito revelou fóruns de redes sociais em que participava.

O grupo utilizava “a internet normal”, bem como a ‘dark web’, acessível apenas através de software específico, para partilhar pornografia infantil, segundo a mesma fonte.

O responsável para a Austrália do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, Adam Parks, recusou-se a comentar as três detenções nos Estados Unidos, alegando que as investigações ainda estão a decorrer, e apontando apenas que se trata de uma rede global “enraizada na Austrália”.

Parks recusou igualmente dar mais informações sobre a origem da pista inicial, explicando apenas que este tipo de informação vem normalmente de empresas de redes sociais norte-americanas que denunciam conteúdo abusivo nas suas plataformas.