Os ex-governadores, atualmente ligados ao Partido da República (PR), foram detidos nas suas residências, um no Rio de Janeiro e outro na cidade de Campos, por agentes da Polícia Federal.

O casal é acusado de liderar uma organização criminosa que ilegalmente reuniu recursos, inclusive extorquindo empresários, para financiar as suas campanhas políticas e as dos seus aliados nas eleições legislativas de 2010 e 2014 e nas eleições municipais de 2012 e 2016.

O casal é investigado há meses num outro processo sobre compra de votos.

Anthony Garotinho já foi preso duas vezes, mas a evidência final para decretar esta nova detenção foi obtida em agosto passado após um depoimento do diretor de Relações Institucional do gigante da carne JBS, Ricardo Saud.

O executivo, que concordou em colaborar com diferentes investigações sobre corrupção no Brasil em troca da imunidade, confessou que a JBS contribuiu ilegalmente com 2,6 milhões de reais (680 mil euros) para financiar a campanha com a qual Garotinho tentou voltar ao governo do Rio de Janeiro em 2014.

De acordo com Ricardo Saud, esses recursos faziam parte dos 20 milhões de reais (cerca de 6,2 milhões de euros) que a JBS aceitou dar ao PR ilegalmente para financiar as suas campanhas eleitorais em 2014.

Anthony Garotinho, que governou o Rio de Janeiro entre 1999 e 2002, e a sua mulher, que ocupou o mesmo cargo entre 2003 e 2007 e também foi prefeita de câmara da cidade de Campos, são acusados dos crimes de corrupção passiva, extorsão, branqueamento de capitais e violações da legislação eleitoral.

O Ministério Público Federal (MPF) do Brasil alega, na petição em que pede a confissão do casal de políticos, que a organização criminosa comandada por eles continua em atividade e tenta intimidar testemunhas e obstruir as investigações.

Anthony Garotinho já foi candidato à presidência do país pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) nas eleições de 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva subiu ao poder pela primeira vez.

Nessas eleições, Garotinho obteve 15,1 milhões de votos, que na época representavam 17,86% do total, ocupando o terceiro lugar atrás de Lula da Silva e do social-democrata José Serra.

Com o casal, o número de ex-governadores do Rio de Janeiro na prisão subiu para três, incluindo nesta lista Sergio Cabral, que governou este estado entre 2007 e 2014.