“As instalações de tratamento de águas residuais não estão equipadas para remover muitos dos compostos farmacêuticos”, segundo Emma Rosi, ecologista aquática da Universidade de Georgia, que estuda a forma como as atividades humanas afetam a vida aquática e a qualidade da água.
A cientista norte-americana procurou perceber como é que os micro-organismos dos fluxos de agua urbanos como riachos (que têm um papel importante nos ecossistemas como a remoção de nutrientes ou decomposição das folhas, por exemplo) respondem à poluição farmacêutica, incluindo analgésicos, estimulantes, anti-histamínicos e antibióticos.
Os testes foram feitos em Baltimore, a norte de Washington, em locais urbanos e suburbanos. “Diferentes tipos de micróbios podem resistir a diferentes tipos e concentrações de produtos sintéticos. Com a exposição à poluição farmacêutica estamos inconscientemente a alterar as comunidades microbianas”, disse a responsável, admitindo que ainda pouco se sabe sobre como é que essa alteração atua na função ecológica e qualidade da água.
Os investigadores examinaram ao longo de duas semanas a presença de seis drogas e concluíram claramente que elas estavam mais presentes nos fluxos urbanos do que nos suburbanos. No mesmo período estudaram também como é que as comunidades microbianas reagiam a cada uma das drogas, da cafeína à cimetidina (tratamento de fluxos gástricos), da ciprofloxacina (antibiótico) à difenidramina (anti-histamínico), e se tinham ou não falta de oxigénio.
E concluíram que nas zonas urbanas os micróbios poderão ter desenvolvido resistências. “Suspeitamos que como os fluxos urbanos receberam mais frequentemente e durante mais tempo poluentes farmacêuticos desenvolveram-se micróbios resistentes à droga nessas correntes de água. Eles estão prontos para colonizar substratos mesmo com a presença de drogas. Quando confrontados com a exposição farmacêutica esses micróbios conseguem manter a função ecológica, mesmo quando outras espécies foram eliminadas”, disse Emma Rosi.
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