A informação começou a circular nas redes sociais, quando os moradores da zona de Entrecampos repararam nas folhas afixadas nas árvores em questão, que informavam sobre o abate, através do seguinte aviso: "Intervenções no Arvoredo. Por motivo de urbanização, e por não ter viabilidade para transplante, esta árvore será abatida. No âmbito da obra será substituída por novos exemplares de outra espécie. Obrigada pela sua compreensão".

Foi então criada uma petição pública, a contestar a decisão, que deverá ser entregue na Assembleia Municipal de Lisboa, já na próxima semana. Em causa está o abate e a transplantação de 47 árvores, sendo a maioria delas jacarandás. A remoção acontece na Avenida 5 de Outubro, no âmbito da Operação Integrada de Entrecampos, que visa construir um parque de estacionamento subterrâneo, enquadrado na urbanização dos terrenos da antiga Feira Popular. O megaprojecto arrancou em 2023, depois do Grupo Fidelidade ter comprado os terrenos por 274 milhões de euros.

A petição conta com uma carta aberta, que indica que os moradores da Avenida 5 de Outubro "temem que a pouca qualidade de vida" que a avenida oferece "seja atacada por escolhas incompreensíveis"

No Facebook, a Câmara Municipal de Lisboa respondeu com uma publicação que promete que a capital vai ficar mais verde, e com mais árvores, uma vez que no final da obra, o número de árvores "será duplicado".

No site da autarquia, está uma explicação para o abate das árvores, que indica que a intervenção é "necessária para a concretização" da obra.

Em 2024, o jornal Público avançou que o projeto da Fidelidade reduzia a área de espaços verdes, do plano inicial, em 780 metros quadrados, mas previa a manutenção dos jacarandás. No entanto, o município voltou atrás, e tal como na primeira versão do projeto, a construção do estacionamento vai implicar o abate das árvores.

A Câmara de Lisboa convocou uma conferência de imprensa para esta tarde para esclarecer o tema. No entanto, os organizadores da petição declararam, através de uma publicação no Instagram, que souberam da conferência de imprensa por um jornalista.

"Não consideramos normal esta falta de diálogo e falta de resposta às perguntas dos peticionários." diz Pedro Franco, o primeiro signatário da petição.