Com o título “Um sistema em Perigo”, o relatório de 2024 da WWF, em 15.ª edição, faz uma análise das tendências da biodiversidade global e da saúde do planeta, monitorizando a evolução das espécies e conclui que “a natureza está a perder-se”.
A WWF alerta que todos os indicadores que acompanham o estado da natureza à escala global mostram um declínio.
O Índice, que se baseia em quase 35.000 tendências populacionais de 5.495 espécies de anfíbios, aves, peixes, mamíferos e répteis, conclui que as populações de água doce sofreram os maiores declínios, com uma redução de 85%, seguidas das populações terrestres (69%) e marinhas (56%).
Os declínios mais rápidos aconteceram na América Latina e nas Caraíbas, “um declínio preocupante de 95%”, seguindo-se África (76%), e a Ásia e Pacífico (60%).
Ao contrário, as quebras foram menores na Europa e na Ásia Central (35%) e na América do Norte (39%). Mas segundo a explicação da WWF tal se deve a que os impactos já eram evidentes antes de 1970 (os dados do índice são sobre os últimos 50 anos) nestas regiões e depois disso houve melhorias graças a esforços de conservação.
O relatório indica também que em cada região as principais ameaças são a degradação e a perda de habitat, especialmente devido ao sistema alimentar, seguindo-se a sobre-exploração, as espécies invasoras e as doenças, e depois as alterações climáticas e a poluição.
A WWF lembra que foram estabelecidos objetivos globais para “um futuro próspero e sustentável”, como travar e reverter a perda de biodiversidade, limitar o aquecimento global a 1,5ºC, erradicar a pobreza e garantir o bem-estar humano. E lembra também que os compromissos atuais estão muito aquém do necessário para atingir essas metas em 2030.
Atualmente, salienta a WWF, mais de metade das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030 não serão atingidas, com 30% delas estagnadas ou piores em relação à linha de base de 2015.
Os compromissos nacionais sobre o clima, diz a organização internacional, levariam a uma subida de temperatura de 3ºC até fim do século e as estratégias nacionais de biodiversidade também são inadequadas.
Em Portugal, assinala o Índice, “a ação continua aquém das metas”, faltando medidas “mais ambiciosas” para aumentar capacidade de sumidouro do dióxido de carbono e para reduzir as emissões dos transportes e agricultura.
Ressalva a associação no comunicado que abordar os objetivos em termos globais abre muitas oportunidades potenciais para, simultaneamente, conservar e restaurar a natureza, atenuar e fazer adaptação às alterações climáticas e melhorar o bem-estar humano.
Em Portugal, refere o relatório da WWF, 22,3% da área terrestre do continente está formalmente classificada como Área Protegida e/ou Rede Natura 2000, e apenas 4% do mar português como Área Marinha Protegida. Em termos mundiais os valores são, respetivamente, 16% e 8%.
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