Na cerimónia de atribuição do título de militante honorário da Juventude Popular, que decorreu esta noite da sede do CDS-PP, em Lisboa, em vésperas do congresso que marca o final da liderança do partido, Paulo Portas recordou que a coligação de direita governou "Portugal debaixo da mais vexatória das circunstâncias imagináveis para uma nação secular".
"Nós, em coligação, vencemos as eleições mas quem governa é a geringonça. Termino as minhas funções com sentimento de dever cumprido e cabeça levantada. Como não sou habitável pelo ressentimento, não desejo a nenhum adversário que passe pela experiência que nós passamos: governar em bancarrota", disse. O líder centrista desejou, "ardentemente e do fundo do coração, que Portugal nunca mais se aproxime desse abismo".
Portas garantiu que é com "indelével confiança no futuro do CDS" que parte para o congresso do CDS - que decorre no sábado e no domingo em Gondomar - manifestando "ânimo, fé e esperança" nesta "nova geração e novo ciclo" do partido, que será liderado por Assunção Cristas.
"Agora é a nossa vez - Best Friends Forever"
O ex-vice-primeiro-ministro falou sobre o final de um "breve consulado de quase 16 anos" à frente do CDS, considerando que tomou a "decisão certa" porque é "tempo de antecipar o futuro e passar o testemunho". "Eu penso à direita, mas sempre governei ao centro. É uma contradição? Não creio", assumiu ainda, falando de um púlpito onde se podia ler "Obrigado, Paulo.".
No final do discurso, o líder centrista recorreu ao humor que sempre lhe foi característico nos discursos e retomou uma expressão que usou na altura do debate do programa de Governo, em dezembro, quando se referiu aos líderes dos partidos da esquerda como sendo Best Friends Forever (amigos para sempre): "em português: obrigado. Em inglês - agora é a nossa vez - Best Friends Forever".
"É com realismo e não com lirismo que se governam as nações"
Mas antes Paulo Portas tinha defendido que "governar é andar passo a passo - gradual e progressivamente -, mas seguramente". "O que é muito diferente de tudo prometer a todos no mesmo instante, com o risco de tropeçar mais à frente e levar-nos a todos para outro buraco. Governar é uma educação para a razoabilidade, não é o livre arbítrio do disparate", atirou. Alertando para facto de atualmente Portugal enfrentar "riscos internos e externos", o deputado do CDS-PP defendeu que "é com realismo e não com lirismo que se governam as nações", uma vez que estar à frente de um executivo "é fazer escolhas difíceis e não discursos fáceis".
Aos jovens que estavam na sala, o líder centrista dirigiu-se sem "qualquer paternalismo", mas deixou alguns conselhos: "só acerta quem tenta e quem tenta também erra".
"Não encarem a política como uma carreira."
"Não encarem a política como uma carreira. A política pode ser viciante, mas nunca pode ser uma dependência. Se sentirem a política como uma vocação, tratem antes e sempre de ter uma profissão. Cada um de vós fará melhor política se forem independentes da política", aconselhou ainda. Naquele que terá sido o seu penúltimo discurso como líder do CDS-PP - para o congresso está previsto um último - Portas deixou uma garantia: "não vou andar por aí pela simples razão que eu sou daqui".
"Tomei uma decisão de vida que mudará os meus horizontes, mas o endereço da minha opção política é esta casa. A morada do meu voto é este partido e a razão da minha esperança é esta juventude", prometeu.
Na plateia da sede do CDS-PP, em Lisboa, estavam, além dos membros da Juventude Popular, os centristas Teresa Caeiro, Pedro Mota Soares, João Almeida, Telmo Correia e Nuno Magalhães.
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