“Hoje, para todos os efeitos práticos, está nas mãos da Europa, e às vezes apenas nas mãos da Europa, a liderança em agendas internacionais que são absolutamente essenciais para a sobrevivência da humanidade”, disse Augusto Santos Silva, intervindo na abertura da terceira edição da conferência “Europe as a Global Actor”, que decorre hoje e na sexta-feira no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.
O governante identificou temas como o multilateralismo; a agenda do desenvolvimento sustentável; a agenda do clima; o comércio, a internacionalização e a globalização regulada, e as migrações e mobilidade humana.
Santos Silva considerou que a liderança europeia “é uma condição necessária para o progresso dessas agendas”.
O ministro salientou que o cenário geopolítico internacional é hoje “mais complexo”, além de a própria União Europeia viver “clivagens internas”, coexistindo “duas maneiras de entender o mundo”, além de se observar o “peso crescente dos soberanismos nacionalistas”.
O governante considerou que às “responsabilidades históricas” da União Europeia somam-se hoje “novas responsabilidades” e identificou alguns caminhos.
“Só é possível ter a força interna para a responsabilidade internacional que hoje é a da União Europeia se internamente conduzirmos um combate sem tréguas ao nacionalismo e ao populismo, porque são os obstáculos à afirmação da nossa política internacional como uma política cosmopolita e internacionalista”, sustentou.
Por outro lado, referiu, “é do interesse estratégico da Europa e do mundo reafirmar a importância do laço transatlântico”.
Santos Silva considerou que a saída do Reino Unido da União Europeia não deve ser acompanhada por um afastamento da Europa: “O eixo franco-britânico e a ligação do Reino Unido à Europa em matéria de segurança, defesa e relações político-institucionais é essencial”.
Os Estados-membros devem também “capitalizar todos os instrumentos disponíveis nos tratados europeus para afirmar, em política externa de segurança e de defesa, a vocação europeia, mesmo que passe por uma lógica de cooperações reforçadas”, e não a 28, ou futuramente a 27, disse.
Por fim, o ministro salientou que “a prioridade absoluta do relacionamento da Europa com África, América Latina e Médio Oriente tem se ser bem compreendida por todos”.
“Em África estamos a fraquejar por nossa exclusiva responsabilidade, fomos nós que abandonámos a cooperação de que África precisa para outros atores internacionais”, comentou.
A última solução realçada por Santos Silva é “aquela em que Portugal pode ajudar melhor” a União Europeia: “Compreender bem o que é a Ásia, em particular o que são a China e a Índia e falar com elas como merecem que se lhes fale, de uma forma que permita perceber que nós compreendemos o que são, foram e serão a China e a Índia”.
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