"Tendo Portugal uma relação de grande amizade com este país e tendo na Venezuela, uma comunidade de grande significado e de grande dimensão, nós temos obrigação de manter uma relação, um diálogo permanente com os mais variados setores da sociedade venezuelana e particularmente com as autoridades", disse.
José Cesário falava à Agência Lusa, em Caracas, à margem de um encontro com o vice-presidente do parlamento da Venezuela, Júlio César Reyes, que teve lugar na Assembleia Nacional (AN) venezuelana, onde a oposição detém a maioria.
"Dialogámos sobre a situação na Venezuela, sobre as relações entre Portugal e a Venezuela. Neste caso concreto está em causa a Assembleia Nacional eleita, reconhecida internacionalmente e, portanto, nós queremos manter uma relação próxima que nos permita um acompanhamento adequado da situação local e, repito, da situação da comunidade portuguesa e, portanto, conversámos sobre a evolução da situação (político-económica) da Venezuela", disse.
Segundo José Cesário, as conversas abrangeram ainda "as perspetivas de diálogo" entre o Governo e a oposição.
"Para nós (Portugal) é muito importante que a Venezuela avance, que se desenvolva, que o povo venezuelano tenha o desenvolvimento que merece ter, que a Venezuela faça parte integrante, total e permanente da comunidade internacional e, portanto, é nessa ótica que aqui nos posicionamos", frisou.
Por seu lado, Júlio César Reyes, agradeceu o "gesto solidário" que Portugal tem manifestado, em diversas oportunidades, para com a Venezuela e recordou que recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, esteve na Venezuela, "manifestando solidariedade".
"O tema (crise político-económica) Venezuela não é estranho para Portugal ou para qualquer país do mundo. O universo completo conhece a situação difícil, dramática, que se vive no país, a crise alimentar. Nós, no campo democrático e constitucional, estamos a dar uma grande luta", disse.
O responsável explicou que as relações com a comunidade portuguesa local "são extraordinárias”.
"Nós temos muito que agradecer ao povo de Portugal, pelo que tem contribuído para o desenvolvimento do nosso país. Desenvolvimento que está em queda pela política atual do Governo", frisou.
Júlio César Reyes disse ainda que os parlamentares venezuelanos pretendem conhecer Portugal e a Assembleia da República e que sabem que contam "com o espírito solidário do povo de Portugal, do seu parlamento, e da maioria dos parlamentos do mundo".
No encontro, esteve presente o deputado luso-descendente Manuel Teixeira, que acompanha o diálogo entre o Governo do Presidente Nicolás Maduro e a oposição, que recomendou à comunidade portuguesa que tenha "muita calma, paciência, esperança e muita fé".
"A Venezuela continua a ser o país que muitos portugueses escolheram para viver. Isto é uma luta social, numa luta difícil, mas continuamos a ter presente que a Venezuela continua a ser um grande país. Não importam as adversidades que vivemos atualmente, elas vão ser superadas", frisou.
Manuel Teixeira sublinhou que "os tempos políticos são diferentes dos tempos sociais”, alegando que “o povo da Venezuela precisa de uma mudança na política económica e social, porque o atual modelo fracassou" e que a oposição espera ter garantias eleitorais para fazer de 2018 um ano de mudanças no país.
Quanto às relações diplomáticas bilaterais, o deputado referiu que são importantes, tendo em conta a grande comunidade portuguesa local, que está ativa nos setores económicos e sociais.
"É sempre importante fazer um acompanhamento. As relações diplomáticas às vezes não são de alarido, mas sim de procurar o melhor para a comunidade portuguesa na Venezuela", concluiu.
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