Em declarações à agência Lusa, o ministro da Defesa revelou que “não há nenhuma divergência” entre Portugal e a Alemanha, o que permitiu elevar a conversa para um “nível mais estratégico”, pensando no “médio e longo termo, e não apenas nas questões do imediato”.

Para o governante português com a pasta da defesa, a pandemia de covid-19 proporcionou “novas pistas de trabalho” com várias “lições a aprender”.

“É uma oportunidade extraordinária para pensarmos como nós, europeus, podemos desenvolver mecanismos para, no futuro, nos apoiarmos uns aos outros através dos nossos instrumentos militares em caso de uma emergência civil”, apontou.

“Não temos neste momento regras de empenhamento, normas, mas porque não ter o apoio, por exemplo, da nossa capacidade de defesa biológica e química de Forças Armadas Portugueses a serem utilizadas em algum outro país europeu ou vice-versa em caso de alguma emergência”, questionou o ministro da Defesa.

João Gomes Cravinho reconhece que desta vez, com a pandemia e curso, não foi possível porque “fomos todos apanhados em simultâneo e todos de forma inopinada”.

“Reagimos, organizámo-nos e trabalhámos na frente nacional. Mas, de futuro, pode haver uma emergência civil que pode ser resolvida através de instrumentos militares. E porque não de outros países europeus aliados se os nossos não forem suficientes?”, questionou.

Num comunicado conjunto, elaborado pelos dois países, pode ler-se que Gomes Cravinho e Kramp-Karrenbauer sublinharam a “necessidade de continuar num caminho comum para fortalecer a capacidade da União Europeia de agir” no campo da defesa.

“Os dois ministros estão comprometidos a fornecer resultados visíveis nos projetos da Cooperação Estruturada Permanente (PESCO), finalizar o Mecanismo Europeu de Paz e concluir o trabalho no Fundo Europeu de Defesa, a fim de criar uma base industrial de defesa mais robusta na Europa”, pode ler-se no documento, que aponta estes como alguns dos temas tratados na reunião.

 Na primeira visita oficial ao estrangeiro depois do início da pandemia de covid-19, João Gomes Cravinho garante que se sentiu “bastante seguro”, tanto na viagem de avião, como na estadia num hotel ou na reunião no ministério da Defesa.

“Foi a primeira vez entrei num avião. Até lembrei a ministra da Defesa alemã que a última viagem que tinha feito tinha sido para uma reunião informal com ministros da Defesa em Zagreb, na Croácia, no início de março. Ela foi a última colega com quem me reuni presencialmente e a primeira, desde que é possível viajar”, partilhou.

A presidência do Conselho da União Europeia é atualmente desempenhada pela Alemanha desde o dia 1 de julho, Portugal assumirá a função no primeiro semestre de 2021.