"Tive já conversações com o Museu Histórico Nacional e com o Museu Imperial de Petrópolis, sobre exposições que estamos a preparar entre Portugal e o Brasil, relativas a D. João VI e a D.ª Maria II, rainha de Portugal que nasceu no Brasil, irmã de D. Pedro II", afirmou o responsável pela pasta da Cultura.

Luís Filipe Castro Mendes continua hoje a sua visita oficial ao Brasil, tendo iniciado o dia no Museu do Amanhã, na cidade do Rio de Janeiro: "É um Museu extraordinário, extremamente avançado do ponto de vista tecnológico, com uma massa de informação e conhecimento extraordinária e com os melhores recursos tecnológicos da museologia atual", atestou.

Durante o dia de hoje, o ministro da Cultura encontrar-se-á com o seu homólogo brasileiro, Sérgio Sá Leitão, para falarem sobre o incêndio que devastou o Museu Nacional do Rio de Janeiro, assunto que marca a atualidade cultural brasileira.

"O nosso governo já fez uma declaração oferecendo todo o apoio e toda a disponibilidade para apoiar naquilo que as autoridades brasileiras entenderem, no trabalho que vai ser feito na reconstrução do Museu Nacional", confirmou o ministro.

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, no Brasil, que foi consumido por um incêndio na noite de domingo e madrugada de segunda-feira, possuía um dos maiores acervos históricos e científicos do país, com cerca de 20 milhões de peças.

A instituição, criada há 200 anos pelo rei João VI de Portugal, era o mais antigo e um dos mais importantes museus do Brasil, e o maior de História Natural e Antropologia da América Latina.

O edifício foi moradia da família real portuguesa, da imperial brasileira e acolheu a Assembleia Constituinte, antes de se transformar em sede do Museu Nacional, em 1892, reunindo um acervo em que se encontrava a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Pedro I, e peças como o mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil, "Luzia", com cerca de 11.000 anos, o diário da imperatriz Leopoldina e um trono do Reino de Daomé, dado em 1811 ao príncipe regente português.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro, que tutela o museu, denunciou em comunicado “a falta de financiamento adequado, em especial nos últimos quatro anos”, às instituições científicas e culturais, e apelou às “forças democráticas do país, no sentido de preservação do património cultural da nação”, lembrando que “o inadmissível acontecimento (...) tem causas nitidamente identificáveis”.

“Trata-se de um projeto de país que reduz às cinzas a nossa memória. Nós desejamos que a sociedade brasileira se mobilize junto à comunidade universitária e científica, para ajudar a mudar o tratamento conferido à educação, à memória, à cultura e à ciência do Brasil”, escreveu a reitoria da Universidade Federal.

Na agenda do ministro português segue-se ainda a cerimónia oficial de entrega do Prémio Camões ao escritor cabo-verdiano Germano Almeida, na Fundação Biblioteca Nacional e, na quarta-feira, em São Paulo, acompanhado pelo ministro brasileiro da Cultura, realizará uma visita ao Museu da Língua Portuguesa, que também ardeu, em 21 de dezembro de 2015, na sequência de um curto-circuito.

"Trata-se de um museu que, infelizmente, também ardeu em 2015, e também já temos uma cooperação estabelecida. Estamos a ajudar na recuperação dos acervos desse Museu da Língua. Aproveitarei também para visitar a Bienal de São Paulo", acrescentou Luís Filipe Castro Mendes à Lusa.