Na defesa desta necessidade, o médico especialista Luis Sá, que preside à Sociedade Portuguesa de Senologia (SNS), explicou que será lançada na quinta-feira, na Figueira da Foz, a primeira Base de Dados sobre cancro da mama que ficará disponível para as cerca de 25 unidades de saúde que tratam a patologia da mama. A apresentação terá lugar no X Congresso Nacional de Senologia, durante o debate de Oncopolítica “Unidades da mama – Realidade Portuguesa”.

Em declarações à agência Lusa, Luís Sá, disse que atualmente é difícil comparar resultados de tratamento entre as cerca de 25 unidades, por forma a otimizar e melhorar o tratamento, o método e a rapidez de ação, o que irá a partir de agora ser possível com esta base de dados comum, que resulta de uma parceria e investimento conjunto da Sociedade Portuguesa de Senologia, com o apoio Sociedade Portuguesa de Oncologia.

“Uma doente chega ao hospital e poderá ser operada, por exemplo, entre dois a quatro meses e nós não sabemos se determinada unidade está a tratar da melhor maneira e dentro dos prazos exigidos [pela European Society of Mastology (EUSOMA), a entidade responsável pela acreditação de Unidades a nível internacional] porque não podemos comparar resultados e tempos ideais”, declarou.

O especialista sublinhou que a EUSOMA definiu com o Parlamento Europeu as normas que cada unidade de saúde nesta área deve cumprir para que se “considere a qualidade adequada” de operacionalidade e que “o critério fundamental é que se tenha uma base de dados que permita, numa auditoria externa, verificar o ‘timing’ de tratamento e as taxas de cura de cada unidade”.

“Uma base de dados é uma ferramenta fundamental para se fazer um trabalho de qualidade para tratar o cancro da mama e também permite uma partilha de métodos e soluções e uma equidade no tratamento. Este sistema permite seguir isso”, reforçou Luís Sá, argumentando: “esta era a estrutura que nos faltava. Existindo bases de dados, pensamos que a maioria das unidades consegue ter os critérios mínimos de qualidade para obter equidade”.

Questionado pela Lusa sobre se considera os cerca de 25 centros de tratamento do cancro da mama um número suficiente, o especialista respondeu que “sim”, porque “o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem conseguido taxas de sobrevida compatíveis com a média europeia” e “tem sabido dar uma resposta mais ou menos adequada no combate e tratamento” do cancro da mama.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Senologia, esta Base de Dados “poderá ser utilizada por qualquer unidade que esteja a operar em Portugal, desde que seja compatível com o sistema informático do seu hospital, e assim fazer transferência de dados para o Registo Oncológico Nacional”.

A Senologia é uma especialidade médica dedicada à prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de todas as doenças da mama.