"Portugal tem uma responsabilidade específica no novo relacionamento que precisamos entre a Europa e África" e não deverá desperdiçar essa oportunidade, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros, na sua intervenção no EurAfrican Forum, que começou hoje, em Carcavelos, Cascais.
Segundo Santos Silva, Portugal tem "um recurso muito valioso, ancorado na história e nas pessoas, que vai crescer, e que é a língua, partilhada com muitos países de África" e também porque foi dos primeiros países europeus a olhar para "África como "prioridade".
O ministro defendeu ainda a necessidade de uma relação económica "menos assimétrica" entre os dois continentes que se deve basear em três áreas: "pessoas, instituições e economia".
"Na área das pessoas está um dos problemas principais com que ambos os continentes se defrontam" e onde é mais que "evidente a complementaridade", considerou Santos Silva.
"A Europa tem um défice de pessoas e África vai duplicar, e depois triplicar, a sua população e muitos dos países da UE estão já muito perto do inverso demográfico", acrescentou.
Para o chefe da diplomacia, essa complementaridade só pode ser ativada "através de um processo integração, regular e seguro" dos migrantes, sublinhando que as migrações internas em África também "são muito importantes".
“A parceria das pessoas [entre os dois continentes] tem de partir da vantagem desta complementaridade e da consciência de que ela só é uma vantagem se tivermos, como europeus, uma política de migrações correta", acrescentou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou hoje no EurAfrican Forum que a presidência da União Europeia (UE) por Portugal, no primeiro semestre de 2021, “terá uma Cimeira entre Europa e África".
O chefe de Estado referiu que "o Governo português já disse" que haverá uma Cimeira UE/África no primeiro semestre de 2021, embora esse anúncio ainda não tivesse sido feito publicamente.
Segundo o Presidente da República, isso está assegurado, "qualquer que seja o Governo português saído das próximas eleições" legislativas, marcadas para 06 de outubro.
No primeiro dia da segunda edição do EurAfrican Forum, que decorre no Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa, estão ainda previstas as intervenções do diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), António Vitorino, que abordará a questão dos fluxos migratórios.
No fórum estão também previstas quatro sessões especiais paralelas sobre os temas: "Reconstruir Moçambique", "Segurança, Migração e Talento", "Ferramentas e Estratégias para a capacitação de Mulheres e Jovens" e "A Integração Económica Europa-África e as infraestruturas digitais para África".
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