“O Estado português continua a trabalhar no sentido de disponibilizar ainda mais material militar que possa ajudar a Ucrânia. Estamos a trabalhar em várias frentes sobre essa matéria e estamos a disponibilizar alguma capacidade que existe, nas empresas privadas em Portugal para, por exemplo, em matéria de ‘drones’ [aeronaves não tripuladas], fabricar componentes, que poderiam ajudar muito nesta matéria e, portanto, temos aqui várias frentes em que estamos a trabalhar”, disse Paulo Rangel, no Luxemburgo.
“A grande urgência é o fornecimento de armas e basicamente capacidade aérea e de anti-aérea, essa é a principal. Sabemos que há iniciativa alemã, há a iniciativa checa, há um conjunto de instrumentos […] e eu diria que há um empenho reforçado, mas não diria que há novidades especiais”, acrescentou o chefe da diplomacia portuguesa, falando em declarações à imprensa portuguesa na sua estreia nas reuniões dos ministros da tutela na UE.
De acordo com Paulo Rangel, já foi feito “um esforço grande por parte do Estado português”, nomeadamente por, “antes mesmo no final do mandato do Governo anterior e em concertação com os partidos da oposição”, o país ter avançado com 100 milhões de euros para a iniciativa checa de aquisição de munições para Kiev.
“E estamos […] a progredir no acordo bilateral de garantias mútuas ou de compromissos mútuos com a Ucrânia, por exemplo, a negociação direta entre o Estado português e a Ucrânia”, assinalou, esperando que, até julho, esteja finalizado um instrumento de cooperação bilateral e militar.
Questionado sobre uma eventual participação na iniciativa alemã, para reforçar as defesas aéreas da Ucrânia contra a Rússia, Paulo Rangel disse: “Nós consideraremos isso”.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da UE discutiram hoje os recentes pedidos do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para que os aliados reforcem o envio de sistemas antiaéreos para o país se proteger dos ataques russos.
No início da reunião, participaram por videoconferência os ministros ucranianos dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, e da Defesa, Rustem Umerov.
Segundo Paulo Rangel, esta intervenção foi “muito centrada na urgência em terem capacidade anti aérea”.
“E, portanto, tem de haver um esforço suplementar dos países da União Europeia para fornecerem esses dispositivos e também depois tudo que são munições e todo outro tipo de material militar”, adiantou o ministro português dos Negócios Estrangeiros, dando ainda conta da intenção da UE em avançar com um 14.º pacote de sanções contra a Rússia pela invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Kiev tem pedido a estes aliados, nomeadamente à UE, apoio semelhante ao que tem sido dado a Israel, depois de os Estados Unidos, em coordenação com a França e o Reino Unido, terem repelido o recente ataque com cerca de 300 ‘drones’ e mísseis iranianos.
A reunião de hoje no Luxemburgo decorreu no auge do debate sobre o reforço do apoio à Ucrânia contra ataques russos às suas cidades e infraestruturas críticas.
Neste encontro, os governantes discutiram ainda a iniciativa checa que visa mobilizar fundos para a aquisição de munições de artilharia para a Ucrânia fora da UE, quando, de acordo com os últimos dados, já foram adquiridas 200 mil munições e estão em curso negociações para a aquisição de mais 300 mil projéteis, com um prazo de entrega no início de junho.
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