Em resposta escrita à agência Lusa, o português, que foi eleito para o cargo em julho por unanimidade, comentou que, apesar de ser cedo para avaliar o impacto do ‘Brexit’ e dos receios das consequências da saída do Reino Unido da União Europeia, “surgirão seguramente novas oportunidades, que se contraporão a essas possíveis ameaças”.
O português acredita que foi escolhido para presidir à Britcham, que está a comemorar 100 anos no Brasil, nos próximos dois anos, devido aos “bons resultados” que alcançou “à frente de uma empresa britânica”, a Sage, no Brasil.
Para o novo presidente, o facto de ser estrangeiro “revela bem o quanto o Reino Unido funciona de acordo com a meritocracia, independentemente da nacionalidade, raça ou género”.
Jorge Santos Carneiro disse que uma das suas preocupações é estarm “tão próximos quanto possível do governo britânico e dos seus representantes”, para poder esclarecer os membros da Câmara e “ajudá-los a aproveitar possíveis novas oportunidades” do ?Brexit’.
O presidente da Sage Brasil e América Latina e um dos vice-presidentes executivos da Sage mundial levou a empresa britânica, líder mundial no setor de ‘software’ para gestão de pequenas e médias empresas, a crescer, numa altura em que o Brasil enfrenta uma longa e profunda recessão.
No primeiro semestre, a receita orgânica da companhia cresceu 7% em relação ao mesmo período de 2015.
Na Sage Brasil, não se partilha metas, mas sim sonhos, porque “quando definimos uma meta, normalmente, pensamos em todas as possíveis dificuldades”, mas “quando identificamos e partilhamos um sonho, pensamos no melhor de nós” e “até naquilo que não sabemos ainda se seremos capazes de fazer”, o que contagia os outros, explicou.
Na empresa, que lidera há dois anos, existe um “conceito de pirâmide invertida” em que as diretorias apoiam as decisões tomadas pelos colegas e onde todos os cerca de 1000 funcionários contam.
O executivo usou o facto de ser daltónico para cedo aprender a confiar nos outros, para além de ter aprendido “ainda muito novo”, a dizer “não sei”.
O seu primeiro negócio, com colegas de estudo, foi de cultura de minhocas para a produção de húmus para fertilizante, mas quando o seu único cliente faliu, a empresa não sobreviveu.
Depois, fez um estágio no grupo Américo Amorim, que o escolheu, aos 23 anos, para diretor-geral de um negócio em crise, que ele conseguiu recuperar.
Mais recentemente, o homem que acredita não existirem empresas boas ou más, mas “mais ou menos bem geridas”, aprendeu que “o sucesso está no sucesso dos outros”.
Jorge Santos Carneiro é ainda acionista num negócio na área da tecnologia e noutro de vinhos, tendo ajudado a fundar uma exploração vinícola em Mendoza, na Argentina.
O empresário, natural do Porto, foi homenageado este ano pelo Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do estado de São Paulo pelos seus “contributos junto desta comunidade e para o desenvolvimento das relações entre Portugal e o Brasil” e é ainda “membro da direção da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa”.
Olhando para a sua terra, onde verifica um” forte crescimento na Sage Portugal quando o país vivia uma crise profunda”, o gestor entende que “para a economia portuguesa crescer”, é necessária “uma forte liderança e ideias claras”.
“A economia portuguesa jamais crescerá consistentemente com iniciativas ou ações pontuais e esporádicas. Para crescermos precisamos de sonhar, acreditar e fazer acreditar nos nossos sonhos, para então mobilizarmos todos os que vivem em Portugal e noutros países, para perseguirem esse sonho e o tornarem realidade”, opinou.
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