Em 17 de março as autoridades checas apreenderam 680.000 máscaras e aparelhos respiratórios num armazém de uma empresa privada de Lovosice, norte de Praga, apresentando a operação como um grande sucesso contra o tráfico destes produtos.
Posteriormente, o Governo foi forçado a reconhecer que “infelizmente, e após investigações mais aprofundadas, concluiu-se que uma parte desta apreensão consistia numa oferta chinesa para a Itália”.
Descrito como um “roubo” pelos ‘media’ transalpinos, esta apreensão motivou fortes críticas em Itália, o atual epicentro mundial da pandemia da covid-19, com cerca de 5.500 mortos e os hospitais à beira da rutura dos fornecimentos.
“Acabamos de enviar 110.000 máscaras para Itália por uma camioneta em direção a Roma… e ainda 43 turistas italianos que não puderam entrar no nosso país”, declarou hoje o ministro checo dos Negócios Estrangeiros, Tomas Petricek.
“A República Checa decerto que não roubou nada”, insistiu Petricek, acrescentando que Praga enviou a Roma 10.000 máscaras suplementares do “mesmo tipo”.
No conjunto da Europa regista-se uma escassez generalizada de equipamentos médicos de proteção, incluindo as máscaras necessárias ao pessoal médico para reduzir o risco de infeção pelo novo coronavírus.
No sábado, o diário italiano La Repubblica publicou um artigo em que descrevia “como a República Checa confiscou milhares de máscaras enviadas à Itália pela China”.
Segundo o diário, e sob a cobertura de uma operação contra traficantes, as autoridades checas mantiveram em sua posse as máscaras apreendidas antes de as distribuírem pelos seus hospitais.
Petricek indicou que, pouco depois, a placa do consulado checo em Milão foi arrancada.
“Posso compreender a reação na sequência das informações surgidas nos ‘media’”, declarou, citado pela agência noticiosa AFP.
O chefe da diplomacia checa garantiu que a polícia estava a investigar por que motivo as máscaras estavam depositadas no armazém da empresa privada.
“Para ser franco, Lovosice não fica no caminho entre a China e a Itália”, reconheceu.
As autoridades checas pediram à população para permanecer em casa e tornaram obrigatório o uso de máscara a quem sair para o exterior.
Até ao momento, este país da União Europeia com 10,7 milhões de habitantes registou 1.165 casos confirmados de contaminação e uma morte.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.
A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, onde a epidemia surgiu no final de dezembro, conta com um total de 81.054 casos, tendo sido registados 3.261 mortes.
Os países mais afetados a seguir à Itália e à China são a Espanha, com 2.182 mortos em 33.089 infeções, o Irão, com 1.812 mortes num total de 23.049 casos, a França, com 674 mortes (16.018 casos), e os Estados Unidos, com 390 mortes (31.057 casos).
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
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