QUE POSSO SABER?

Uma menina, um dia: E antes de eu
nascer, os outros já cá estavam?
E outra menina, num outro dia:
E depois de eu morrer, acontecerá
ainda alguma coisa?

Jean-Luc Lagarce,
L’ Apprentissage

1

Aguardo que aconteça algo. Receio, a cada momento, que a coisa empanque, que surja um problema, uma falha na engrenagem. Não acredito que esta operação possa decorrer sem percalços. Tirei uma senha à entrada do registo civil, com fingida desenvoltura, como se isso de requerer uma identidade me acontecesse todos os dias. É normal, é tudo normal, repito para comigo. Fito o grande quadro eletrónico acima da minha cabeça, à espera de ver surgir o meu número, ouve-se um tinido e quando se ouve um tinido os números luminosos mudam, esta transformação, que não dura mais de uma fração de segundo, produz ainda assim uma espécie de desenho em movimento, não percebemos de imediato que número se irá desenhar no ecrã, um brevíssimo momento de expectativa, o tempo de suster a respiração, antes de sabermos se a nossa vez terá chegado finalmente, sim ou não.

Ao chegar a sua vez, as pessoas erguem-se de um salto, upa, ambos os pés bem plantados no chão, por vezes, na sua precipitação, as senhoras deixam cair a bolsa, voltam a apanhá-la, reerguem-se de imediato um tanto despenteadas, confusas por terem sido surpreendidas num momento de excessivo zelo, mas pronto, não há problema, estamos numa repartição pública, afinal. Ser chamado, ouvir soar o nosso nome, não deixa de fazer alguma impressão. Estou atenta, como os outros, e fito, a cada sinal sonoro, os algarismos vermelhos no ecrã de cristais líquidos que se transformam num novo número, como serpentes num viveiro.

Estou convencida de que o meu número não vai chegar a aparecer, porque ali dentro já todos sabem que estou fora da lei, que passei mais de trinta anos sem bilhete de identidade, que existi mais de trinta anos sem existir, que o melhor será ignorarem-me, agora, é certamente uma rapariga com problemas, aquela ali, e por isso até podemos dar-lhe um número, mas depois não a chamamos, ela que passe o dia inteiro de olhos pregados no ecrã de cristais líquidos, tem um ar um bocadinho esquisito, é com certeza o tipo de rapariga que acha que aqueles números se assemelham a serpentes num viveiro.

O funcionário público é um homem que parece transbordar da cadeira, mas não por excesso de alegria. De facto, tem um aspeto absolutamente sinistro. Não me olha diretamente nos olhos quando me convida a sentar, não me olha de todo, pede-me os meus papéis e, nesse momento, congratulo-me por ter papéis, por poder continuar a afivelar um ar descontraído, como se aquilo me acontecesse todos os dias, os meus papéis, sim, claro que sim, aqui estão, faça o favor. Duas placas de acrílico transparente definem os limites do seu cubículo, isolando-o de outros cubículos iguais, onde outros funcionários procedem exatamente como ele, pronunciando exatamente as mesmas frases. Pergunto-me que consequências poderá ter aquele tipo de trabalho, passar o dia inteiro a tratar de identidades, a pedir papéis e a anotar nomes, a verificar fotografias. O homem resmunga que vou ter de tirar outra fotografia, pois aquela que lhe dei, em duplicado, como exigido, não está de acordo com as normas, por causa dos óculos, que podem dificultar a minha identificação, podem fazer-nos desconfiar que a rapariga do bilhete de identidade não sou eu. Cá está o que eu já receava, é agora que eles vão perceber que há aqui qualquer coisa de errado, qualquer coisa que cheira a esturro nesta história. O funcionário chama a colega do cubículo contíguo, sentada do outro lado da divisória de acrílico, e a sua silhueta desfocada ganha definição, batom rosa-vivo cuidadosamente aplicado, combinando na perfeição com a cor do verniz e da blusa de algodão barata, de manga curta, que lhe desnuda os braços enternecedores de delicadeza e brancura. O homem mostra-lhe a minha fotografia, as minhas duas fotografias, ou seja, a mesma fotografia em duplicado, como exigido. Os rostos deles aproximam-se, afastam-se, franzem o sobrolho ao mesmo tempo, voltam a aproximar-se. Percebes o que eu quero dizer?, as lentes dos óculos têm uma espécie de reflexo, isto assim não serve. A colega responde que talvez sirva, pega na minha fotografia com a mão de unhas bem arranjadas, volta a examiná-la com atenção, eu fito o tabuleiro de clipes sobre a secretária, vá, contemple-me, se isso a faz feliz, olho-a, ela olha-me também, sorri-me, diz ao colega que compreende a dúvida dele, mas acha que a fotografia está bem assim.

O funcionário rosna. Pela primeira vez, reparo nas mãos dele, que me horrorizam. As unhas de ambos os polegares são muito compridas, tão compridas que me pergunto como conseguirá ele executar certos gestos do quotidiano com semelhantes unhas. Mantenho-me muda, baixo a cabeça. Ele interroga-me, é realmente a primeira vez que requer um bilhete de identidade? Respondo que sim, de voz trémula. Muito bem, então aqui está o seu talão. E acrescenta, tenha cuidado, não o perca, porque vai precisar dele para levantar o bilhete, e pronto, a coisa está feita, resta-me apenas esperar. Entreguei tudo, as duas fotografias iguais e conformes às normas, um certificado de residência, uma certidão de nascimento emitida há menos de três meses, o documento original e a fotocópia. Volto a sair, livre. Com a promessa de obter, dentro de uma a três semanas, o meu primeiro bilhete de identidade.

Ele não disse: é espantoso, o facto de nunca ter tido bilhete de identidade. Não disse: porque decidiu requerer um agora, se nunca teve nenhum? Não disse: mas mesmo quando era criança, nunca teve BI? Não disse: porque é que tem um apelido duplo? Não disse: é casada? Esse nome é o do seu esposo ou da sua esposa? Não disse: tem, portanto, quatro nomes próprios ao todo. Não disse: é estranho, esse nome de homem entre os nomes femininos. Não, o homem não disse nada disso. À saída da repartição pública, examino o talão que ele me deu. Ouço a algazarra dos miúdos do bairro que jogam à bola e fragmentos de conversas que emanam do walkie-talkie do segurança que guarda a entrada do edifício de modo não muito convencido nem muito convincente. Leio e releio as linhas do papel. Nome usual: nenhum. Nome usual: ausência, zero, o vácuo, a bruma. Nome usual: vazio, lacuna, vapor, abismo. Na-da. Depois, na linha de baixo, os meus nomes, todos. Tenha cuidado, não o perca, porque vai precisar dele. Guardo o papel na carteira.

2

Menos de uma semana mais tarde, uma mensagem informa-me de que o meu bilhete de identidade já pode ser levantado. Acorro prontamente ao registo civil, munida do célebre talão. Animada, tiro uma senha, aguardo entre os restantes, de olhos fitos nos números de cristais luminosos, desta vez de coração leve, impaciente. Chegada a minha vez, corro ao cubículo indicado, um funcionário amabilíssimo remexe numa espécie de caixa de sapatos com separadores de cartolina manifestamente feitos à mão, tenho ainda tempo de pensar: com franqueza, a prefeitura de Paris bem que podia fornecer aos funcionários material de trabalho de melhor qualidade, o homem sorri-me, pega no talão que lhe estendo e dá-me em troca um cartão plastificado. No anverso, aí estou eu, sem dúvida alguma. É a minha fotografia. Reconheço-me. Sim, sou eu. Aí está a minha data de nascimento. A minha altura. O meu primeiro nome, Pauline. E os outros. Jeanne, Jérôme, Ysé.

Mas quem são, esses outros? Quem são?

É Desta Que Leio Isto: Ela tinha o dever de deslumbrar. Em maio, Filipa Martins traz-nos a biografia de Natália Correia

Filipa Martins junta-se ao É Desta Que Leio Isto no próximo encontro, marcado para dia 25 de maio, pelas 21h.

O livro escolhido para leitura é "O Dever de Deslumbrar. Biografia de Natália Correia", que chegou às livrarias a 16 de março, dia em que se cumpriram 30 anos sobre a morte da poetisa.

Esta obra mostra Natália Correia como símbolo das inquietações do século XX português e uma mulher "precoce e radical no pensamento feminino, vítima de efabulações e de mitos, incompreendida e amada".

Finalista dos Prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, Filipa Martins dedicou-se – nos últimos seis anos – a estudar a vida e a obra de Natália Correia, tendo sido coautora de um documentário e coargumentista de uma série de televisão sobre esta escritora açoriana.

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Nunca tinha tido um bilhete de identidade antes disso, antes desse dia do ano em que completei os trinta. Sabia, claro está, que tinha outros nomes além do meu. Tomei pela primeira vez plena consciência disso quando passei no exame final do liceu. As notas tinham sido afixadas, em grandes folhas, na parede do átrio. Eu e os meus colegas examinámo-las, para saber se tínhamos passado ou chumbado. Seguíamos com o dedo as linhas apertadas da lista ordenada por apelidos, aos quais se sucediam os
nomes próprios e, por fim, o resultado do exame. Uma das minhas colegas apontou para o meu nome. Olha, Pauline, estás aqui! Mas, espera, porque é que tens um nome de rapaz? Foi engano, ou quê? Não, não foi engano. Na altura, eu tinha acabado de fazer dezassete anos. Tinha passado no exame e a minha nota era bastante boa. Mas fui alvo de uma série de perguntas, por causa desses três nomes próprios a seguir ao meu. Jeanne, Jérôme, Ysé. Que raio de nomes são estes, hem? Quem são vocês, afinal? Tradicionalmente, como segundo nome, os pais dão aos filhos os nomes dos avós falecidos, de padrinhos ou madrinhas, nomes que jamais escolheriam como primeira opção, ou a propósito dos quais não conseguem chegar a acordo. Eu tinha a vaga intuição de que não se tratara disso, no meu caso. E, contudo, eles ali estavam, esses nomes. Os três. Duas mulheres, um homem. Não era um pormenor de somenos importância, isso de ser escoltada vida fora por três desconhecidos.

Desde os meus dezassete anos que penso com frequência nesses nomes, tenho-me interrogado muitas vezes sobre as suas origens. Primeiro as mulheres. Jeanne. De onde poderá ter vindo esse nome, a versão feminina do nome do meu pai? Depois, Ysé. Um nome jamais visto ou ouvido em qualquer outra parte. E por fim esse nome de homem. Jérôme. Que diabo de ideia, dar um nome masculino a uma menina! Mas, na minha família, as pessoas não conversam. Ou antes, sim, dizemos muitas coisas uns aos outros e gostamos de tagarelar, desde que não se fale do passado, dos passados. O passado do nosso pai nunca é mencionado. E o da nossa mãe, ainda menos. E quanto ao passado comum deles, anterior ao nascimento dos filhos, nem vale a pena pensar nisso. Evitamos fazer perguntas, ainda que em certos casos pudéssemos obter respostas. Mas, para nós, o normal é evitar os assuntos sensíveis, rir para dissimular a verdade, rodear a questão, responder a alhos com bugalhos, historietas, patacoadas.

Não temos televisão em casa. Não temos roupa nova. Não comemos pão barrado com chocolate ao pequeno-almoço. Não atravessamos as fronteiras do país onde nascemos. Não falamos do passado dos nossos pais. Não fazemos perguntas. Fazemos os deveres. Tomamos duche. Não deixamos comida no prato. Lavamos os dentes. Dormimos. Cochichamos no escuro. Vamos ao conservatório. Vamos ao museu. Vamos ao teatro. Recebemos livros embrulhados em papel de fantasia. Ouvimos rádio. Não ouvimos música popular. Não sabemos quem é Johnny Hallyday. Não sabemos quem é Michel Platini. Não fazemos perguntas. Não perguntamos quem é Johnny Hallyday. Não perguntamos quem é Michel Platini. Não perguntamos quem são os nossos pais. Vamos ao cinema. Fazemos compras na Samaritaine. Roubamos cigarros Craven A da gaveta da escrivaninha. Frequentamos a biblioteca. Temos lições de música. Não ligamos a fotografias. Não sabemos quem é Leonardo DiCaprio. Não sabemos quem são as Spice Girls. Não perguntamos quem é Leonardo DiCaprio. Lamentamos a morte de François Mitterrand. Temos baby-sitters. Não gostamos delas. Não lhes fazemos perguntas. Tomamos duche. Calçamos pantufas. Aprendemos a tocar instrumentos musicais. Vamos à piscina ao sábado de manhã. Comemos os salmonetes que compramos no mercado ao domingo de manhã. Saímos para passear domingo à tarde. Não falamos dos tempos de antigamente. Não fazemos perguntas. Não perguntamos nada. Eu não pergunto nada. Cresci em branco. Invento as respostas. Na minha língua materna.

3

Por vezes, fala-se de Jérôme. Esse nome surge, inesperadamente, nas conversas dos meus pais. Nós, eu, o meu irmão, a minha irmã, não percebemos nada, não fazemos perguntas. Não pergunto quem é esse tipo. Não pergunto porque é que o seu nome surge ao lado do meu, nos documentos oficiais. Sinto, e é tácito, que será melhor evitar o assunto. De Jeanne, nunca se fala. E quanto a Ysé, certo dia, mas quando terá sido isso?, já não me recordo, certo dia compreendi que, se Ysé está na lista dos meus nomes próprios, é em referência à personagem da peçade Paul Claudel, Partage de midi. Não sei o que essa peça representa para os meus pais, eles nunca me dizem nada, julgo ter obtido essa informação numa das conversas que costumava ouvir, à socapa, quando criança e depois adolescente, encolhida a um canto das escadas da nossa casa.

Tenho trinta anos. Festejo os meus trinta anos. Festejo-os sabendo que, a partir do próximo ano, não voltarei a festejar sozinha o meu aniversário. Passarei a ter alguém comigo, alguém que cresce dentro de mim. Alguns dias depois, tratei de organizar os documentos para requerer o meu primeiro bilhete de identidade. Já tinha passaporte, emitido por uma repartição suburbana depois de ter deixado a casa familiar, de modo a poder finalmente cruzar as fronteiras do país, lançar-me ao vasto mundo. Mas ainda me faltava o bilhete de identidade. Um documento que não me servirá para fugir, mas sim para me enraizar, para me implantar mais firmemente neste território que é o meu, nesta nova história que estou a escrever. E os três fantasmas saltam-me ao pescoço, à saída do registo civil, onde fui levantar o retângulo de plástico oficial. Tenho de os conhecer. Eu, que vou dar à luz, nada sei desses que me acompanham desde que nasci. Porquê eles? Quem são? Jeanne, Jérôme, Ysé. Uma litania de nomes próprios, uma cançoneta que trago na cabeça há anos e que já é tempo de me dispor a escutar. Jeanne, Jérôme, Ysé. Os meus fantasmas, os meus zumbis. Estão sempre aqui, ao meu lado. Os meus pais escolheram-nos para me acompanharem. Jeanne, Ysé, fadas boas, bruxas más. Jérôme, rei mago, miragem. Torna-se-me urgente conhecê-los, aos três, antes de eu própria decidir que nome dar a esse ou essa que trago no ventre. Estou determinada a seguir os caminhos que descobri sem querer, para ver aonde me conduzirão. Quero escavar a espessa camada da identidade que é a minha, que parece ser a minha, antes de dar à luz uma nova identidade. Quero raspar o palimpsesto. Quero descrevê-los, escrevê-los. Ao mesmo tempo, preferia ser capaz de inventar personagens, de me esconder atrás delas. Censuro-me por subir ao palco, por não me limitar a ser o marionetista, oculto por detrás do pano. Mas as coisas são como são. Eles habitam-me. Ocupam-me. Vou procurá-los, encontrá-los, obrigá-los a sair da sua toca. Vou aprender a conhecê-los, assim como se aprende a conhecer os membros de uma família reencontrada, um velho parente esquecido. Não tenho muitas pistas. Terei de prospetar, explorar, escavar. Fazer perguntas parece-me inútil, pois seriam ignoradas. Já estou a ver o olhar da minha mãe, a expressão do seu rosto, as suas evasivas, no mesmo instante em que decidisse confrontá-la. Neste aspeto, continuo a ser uma criança.

Livro: "Quem sabe"

Autor: Pauline Delabroy-Allard

Editora: Alfaguara

Data de Lançamento: 15 de maio

Preço: € 18,85

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Não obstante, ao sair da repartição pública, decido ligar-lhe. Ela não consegue concentrar-se no que lhe digo, tem de sair para fazer umas compras antes que as lojas fechem, sinto que não me dá grande atenção. Digo-lhe que tenho na mão o meu primeiro bilhete de identidade, que já era tempo de arranjar um, e digo-lhe também, o mais naturalmente que consigo, escuta cá, são engraçados estes nomes próprios que vocês me deram, estou aqui a olhar para eles, Jeanne, Jérôme, Ysé, e pus-me a pensar no assunto. Mas engraçados porquê, pergunta ela. Tens razão, engraçados não é bem o termo, corrijo-me, enfim, são peculiares, se preferires, são curiosos, são surpreendentes, são incomuns, há que admitir, será que me podes dizer porquê, porque é que me chamo assim? Ela suspira. Suspira enfaticamente, tossica, ouço-a abrir a bolsa de tecido onde guarda o tabaco de enrolar. Por momentos acredito que a venci e que ela, finalmente, se vai dispor a explicar-me tudo. Mas estou enganada. A minha mãe assume o tom que tão bem conheço, aquele tom de voz intransigente, ah, minha querida, agora não tenho tempo e as tuas perguntas irritam-me, sabes muito bem que detesto isso.

Nada de perguntas, portanto. Nada de fazer ondas. Escrevo porque o olhar da minha mãe se esfuma, porque o seu silêncio me oprime. Escrevo para preencher vazios. Escrevo para ver mais longe. Escrevo para agradar. Escrevo para suportar a noite. Escrevo para remexer com a ponta do dedo nas feridas da existência. Escrevo para desagradar. Escrevo para deixar de ter medo. Escrevo para salvar o que pode ser salvo. Escrevo para saber quem sou. Se não conseguir obter respostas, inventá-las-ei.