O aumento médio do preço das casas no país esconde fortes variações regionais, de acordo com o estudo em causa. O inquérito da FFMS mostra que aproximadamente uma em cada quatro pessoas condicionou os seus planos de vida por dificuldades no acesso à habitação.

“Mudar de localidade” é a decisão mais afetada, seguida de “sair de casa dos pais” e “viver sozinho(a)”. Os jovens são os mais penalizados, e adiaram ou desistiram dessas decisões. Portugal é um dos países da União Europeia em que os jovens demoram mais a sair de casa dos pais, o que em média acontece aos 30 anos, segundo dados do Eurostat de 2022.

Mudar de casa não é uma opção frequente para a maioria dos portugueses, que em média estão na mesma casa há 20 anos. Um em cada nove vive na mesma casa desde que nasceu.

A maior parte das pessoas, 66%, vive em casa própria - quase metade ainda está a pagar empréstimos -, enquanto 19% da população vive em casa arrendada, um em cada seis sem contrato escrito. Ainda, uma em cada oito pessoas, ou seja, 13%, mora em casas cedidas ou herdadas.

Um pouco mais da metade dos inquiridos com casa própria já pagou a casa. Entre os que ainda não pagaram, a prestação média é de 523 euros mensais. Pagar os encargos com a casa não é fácil, seis em cada dez têm algum tipo de dificuldade em saldar as despesas com a habitação, e uma em cada nove tem medo de perder a casa nos próximos cinco anos.

Entre os que têm medo de perder a casa, metade está preocupada com um eventual aumento da renda ou da prestação da casa, enquanto cerca de um quarto teme ser obrigado a sair por vontade do senhorio. Destas pessoas, uma em cada três afirma que não teria para onde ir caso isso acontecesse.

Oito por cento dos portugueses paga menos de 200 euros pela habitação e apenas 1% paga mais de 1.500 euros mensais. Perto de 60% dos inquiridos pagam entre 201 e 600 euros e 13% entre 601 e 800 euros por mês. Em 2022, cerca de 56% recebia menos de 1000 euros e 30% o salário mínimo nacional, 705 euros (760 euros em 2023), de acordo com o Gabinete de Estratégia e Planeamento.

A falta de oferta de habitação é um dos principais factores que explicam a crise no sector, de acordo com o barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Num ranking de seis causas principais, a "falta de regulação do mercado" (61%), o "baixo investimento público" (60%) e a "falta de casas disponíveis" (52%) são as razões mais apontadas pelos inquiridos.

Diminuir os impostos sobre a reabilitação urbana, acabar com os Vistos Gold e introduzir limites máximos às rendas são as políticas públicas mais populares entre os entrevistados.

Perto de 52% escolhe uma casa em função do que pode pagar, mas 46% tem em conta a boa acessibilidade e transportes e 42% menciona a importância da proximidade com o trabalho/escola. A qualidade da habitação aparece em quarto lugar na lista de prioridades na escolha da casa.

Embora a maioria das pessoas esteja satisfeita com a casa onde vive, dois terços menciona a necessidade de fazer reparações e melhorias urgentes. No topo dos problemas aparece o isolamento (15%) e os problemas com infiltrações e humidade (11%).

O Barómetro da Habitação ouviu a opinião de 1086 pessoas - uma amostra representativa da população residente em Portugal -, e procurou responder a como e com quem vivem, quanto pagam de prestação ou renda, quais os principais medos e problemas e que medidas devem ser tomadas para facilitar o acesso à habitação.