A rede imobiliária Century 21 divulgou hoje que realizou 7.008 transações de venda (de clientes de Portugal e internacionais) entre janeiro e junho, mais 38% do que no primeiro semestre de 2020. Só as transações de imóveis para clientes internacionais aumentaram 55% para 1.102 transações.
Segundo o presidente executivo da Century 21 Portugal, Ricardo Sousa, citado em comunicado, “muitos dos negócios suspensos em 2020 estão agora a ser concretizados, o que explica o crescimento tão acentuado do segmento internacional [o mais afetado em 2020]”.
No primeiro semestre, na Century 21, as transações do segmento internacional representaram já 16% do total, acima dos 14% que representaram em 2019 (antes da pandemia da covid-19).
Alterou-se ainda o perfil do cliente internacional, com os clientes dos Estados Unidos da América a dominarem, seguindo-se clientes de França, Brasil e Reino Unido.
Também a procura dos residentes em Portugal cresceu, mantendo-se T2 e T3 as tipologias de imóveis mais procuradas. O mercado imobiliário é impulsionado pelas alterações da vida familiar (casamento, nascimentos de filhos, divórcios, heranças, emancipação dos jovens), segundo Ricardo Sousa, que continuaram a acontecer “mesmo em tempo de pandemia”.
O valor médio dos imóveis transacionados a nível nacional foi de 161.371 euros, mais 3% face ao mesmo semestre de 2020, sendo a maior parte das transações da Century 21 em Lisboa, Porto e Algarve.
No primeiro semestre de 2021, o valor médio das habitações vendidas no concelho de Lisboa foi de 302.117 euros, menos 6% em termos homólogos. A média da área útil foi de 84 metros quadrados (m2), menos 7%.
No concelho do Porto, o valor médio dos apartamentos vendidos caiu 2% para 176.316 euros e a área útil desceu 8% para 81 m2.
No Algarve, o valor médio dos imóveis vendidos cresceu 2% para 152.824 euros e a área útil média subiu 4% para 82 m2.
Quanto ao mercado de arrendamento, no primeiro semestre foram realizadas 1.708 transações, mais 68% em termos homólogos. Contudo, o valor médio de renda caiu 2% para 817 euros.
A Century 21 considera que, embora a diferença seja pequena, tal confirma que o mercado de arrendamento é mais flexível, responde mais facilmente à procura, ajustando-se ao rendimento disponível dos jovens e famílias.
No arrendamento, o valor médio de renda em Lisboa foi de 1.018 euros, menos 1% do que no período homólogo de 2020.
O concelho do Porto registou rendas médias de 592 euros (menos 9%) e no Algarve as rendas médias fixaram-se em 675 euros (mais 13%).
Segundo Ricardo Sousa, o poder de compra dos cidadãos está a “limitar, cada vez mais, a escolha das suas casas e já está a impactar os valores dos imóveis nas duas principais cidades”.
Em crise pandémica, as pessoas reagem ainda mais ao fator preço, disse, o que aumenta a pressão de procura sobretudo nas zonas periféricas de Lisboa, onde famílias e jovens “procuram habitações ajustadas às suas necessidades, ambições e poder de compra”.
O gestor cita o último estudo da Century 21 Portugal, segundo o qual 45% dos portugueses quer trocar de casa, mas 29% admite não ter condições económicas para o fazer, e diz que daí poderá advir uma nova dinâmica de mercado, pois “promotores e investidores imobiliários estão mais atentos a esta problemática e à oportunidade para construir e promover soluções de habitação acessível”.
A Century 21 considera que há um falhanço, dos setores público e privados, na disponibilização de habitação ajustadas para a classe média (em Lisboa, indica, há apenas 30% de oferta imobiliária adequada) e defende uma estratégia concertada entre o setor imobiliário e as entidades governamentais para que haja “políticas adequadas para fomentar o acesso à habitação”.
Contudo, afirma, a cidade de Lisboa e a região metropolitana de Lisboa “competem diretamente com grandes cidades internacionais, numa escala e dinâmica totalmente diferentes do resto de Portugal”, pelo que deve haver uma estratégia específica.
A Century 21 atribui a falta de habitação para a classe média a fatores como excesso de regulação, instabilidade legislativa e fiscal, planos de desenvolvimento municipais desajustados da realidade atual, falta de integração nas áreas metropolitanas, falhas na mobilidade, desinvestimento em soluções de habitação social e passagem de edifícios residenciais para o turismo e segmentos alto e de luxo.
Quanto aos resultados da Century 21, no primeiro semestre, a faturação subiu 64% face ao mesmo período de 2020, superando os 31 milhões de euros, tendo os negócios mediados crescido 42% para mais de 1.134 milhões de euros.
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