A Mimi, o Nélson, o Nuno e a Carla têm paralisia cerebral. Juntos, formam uma equipa de “contabilistas”. Querem, nesta altura do ano fiscal, ajudar quem necessita de ajuda no preenchimento do modelo 3 do IRS. Particulares ou empresas. Em troca pedem que seja feita a consignação de 0,5% do imposto à Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa (APCL), associação à qual pertencem.

O projeto “Preenchido Pela Paralisia” junta os quatro “contabilistas”, formados ao “longo de uns meses” por contabilistas certificados. Todo o processo de preenchimento será “supervisionado por três contabilistas”, conforme adiantou ao SAPO24, fonte oficial da APCL, instituição com mais de 60 anos.

A Associação anuncia que se trata de um “serviço gratuito” que pretende demonstrar que a “deficiência não significa incapacidade”.

A mesma instituição recorda os números de 2019, relativos ao ano fiscal anterior. “Cerca de 70% dos portugueses não efetuaram a consignação do IRS”. Atingiram-se valores de “20 milhões de euros”, um valor que poderia ser “superior a 70 milhões de euros”, repartido por “milhares de entidades beneficiárias inscritas”.

Relembra ainda que a consignação do IRS é uma “forma de ajudar”, permite ao contribuinte encaminhar uma parte do imposto a favor do Estado para uma entidade de cariz social, ambiental ou cultural e que num cenário de reembolso o contribuinte não recebe menos, e num cenário de imposto adicional não paga mais, lê-se num comunicado.

“Esta iniciativa tem como objetivo informar e ajudar. Espero que nos tempos que correm, os portugueses possam ser também solidários com as instituições que vivem de apoios deste género, como é o caso da APCL”, refere Ivone Silva, diretora da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa.