A 5 de abril, Andrea Papi, um corredor de 26 anos, foi morto por um urso, tendo sido atacado numa zona montanhosa e florestal de Trentino-Alto Adige, no norte de Itália. Um mês depois, o destino da espécie continua a ser objecto de debates e confrontos políticos no país, enquanto o destino do urso assassino, entretanto capturado e sujeito a um decreto de abate, está agora dependente de uma decisão judicial.
O caso "JJ4", que se refere ao código associado ao animal pelos serviços de conservação, insere-se, no entanto, num debate mais vasto.
Para alguns cidadãos das zonas em causa, os ursos tornaram-se um incómodo, pois são cada vez mais vistos perto de zonas habitadas. Assim, para dar resposta aos receios dos habitantes, o Governo italiano colocou em cima da mesa um plano para deslocar grandes grupos de ursos do norte do país para zonas onde sejam menos susceptíveis de causar danos.
O presidente da província autónoma de Trentino-Alto Ádige, Maurizio Fugatti (La Liga, extrema-direita), adepto da linha dura, emitiu um novo decreto para o abate de JJ4, confundido com os testes de ADN efectuados no corpo de Papi. Esta decisão aumenta a tensão no debate público.
As autoridades judiciais ainda estão a analisar a legalidade de um primeiro acto semelhante, suspenso pelo tribunal administrativo da região, na sequência do recurso das associações de protecção dos animais. Um outro animal, MJ5, também considerado perigoso por ter atacado um caminhante em Março, poderá ter um destino semelhante.
A presença de ursos na região de Trentino-Alto Ádige é o resultado de um projecto chamado "Life Ursus", implementado entre 1996 e 2004, que levou ao enraizamento de uma população de 69 espécimes na região. Maurizio Fugatti, que fez campanha contra a proliferação de ursos, contesta este número e estima que existam actualmente cerca de 100 ursos. Num país com cerca de 200 ursos, este número seria o dobro do objectivo inicial do projecto de reintrodução de ursos dos Balcãs, há quase 30 anos, com o apoio financeiro da UE.
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