“É profundamente preocupante [a presença do grupo Wagner no Sudão]. A Wagner desenvolveu um modelo de negócio de guerra compensado por acesso a matérias-primas, minas, e leva este modelo de negócio para várias partes do continente africano e, por todo o lado onde está a Wagner, há violações de direitos humanos, há instabilidade”, afirmou o governante português respondendo aos jornalistas.

“Portanto, aqui no Sudão estamos a ver isso mais uma vez”, adiantou João Gomes Cravinho.

O grupo Wagner é apontado pela imprensa internacional como apoiante dos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), lideradas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, que se opõe ao general Abdel Fattah al-Burhan, o líder de facto do Sudão.

Cravinho esteve hoje em Paris para a inauguração oficial da obra monumental de Joana Vasconcelos, “Árvore da Vida”, instalada na Capela do Castelo de Vincennes, junto a Paris. Na capital francesa, o ministro disse continuar a acompanhar de perto a situação em Cartum, onde resta atualmente apenas um português neste país assolado pela guerra civil, depois de terem sido retirados os restantes.

“Tenho estado em contacto com vários colegas sobre esta matéria, ainda hoje à tarde tive uma conversa com o meu colega da Jordânia que tem conhecimento profundo da situação no Sudão. Nós subscrevemos o apelo feito pelo secretário-geral das Nações Unidas para que as duas partes calem as armas e procurem resolver as suas diferenças na mesa das negociações”, indicou.

Para o ministro português houve “uma falha” nos últimos anos para procurar um entendimento no Sudão, o que levou a este conflito.

“Temos de dizer que houve aqui uma falha ao longo dos anos em não se fazer o desarmamento, não se fazer a integração das diferentes forças armadas e o resultado foi este conflito. Isto é uma lição para o Sudão e para o Mundo”, concluiu.

Os combates, que começaram em 15 de abril entre o exército sudanês e as RSF, mergulharam o Sudão numa das piores crises da sua história recente.

Os confrontos seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição.

Ambas as forças estiveram envolvidas no golpe militar que derrubou o governo de transição do Sudão, em outubro de 2021.

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