Lula da Silva, que lidera todas as sondagens de intenção de voto realizadas no país, repetiu hoje uma proposta do Partido dos Trabalhadores (PT) de limitar os debates a três eventos a serem organizados em formato “pool”, ou seja, com mais de um ‘media’ a dirigir, alegando falta de tempo durante a campanha.

O candidato progressista disse numa entrevista ao UOL que adora debates, mas que não pode ser refém deles porque precisa de viajar pelo Brasil para fazer campanha, que começa oficialmente em 16 de agosto.

Bolsonaro também deixou em aberto a possibilidade de participar com os demais candidatos em debates transmitidos pela televisão, tradição no Brasil desde 1989, na cerimónia de lançamento de sua candidatura pelo Partido Liberal (PL), no último domingo, no Rio de Janeiro.

“Eu não teria um adjetivo aqui para descrevê-lo [Lula da Silva] neste momento. Quem sabe em um debate, caso ele esteja presente”, disse o líder brasileiro durante o seu discurso.

Nesse contexto, a indefinição de Lula da Silva e de Bolsonaro fez com que a rede CNN Brasil cancelasse o debate presidencial que planeava transmitir em 6 de agosto.

Na mesma linha, a Jovem Pan e a TV Bandeirantes retiraram ou suspenderam os debates que iriam promover nos dias 9 e 14 de agosto, respetivamente.

Essa agenda de debates intensifica-se ainda mais em setembro, com mais sete previstos para aquele mês.

O candidato Ciro Gomes, terceiro nas sondagens de intenção de voto, criticou a atitude de seus dois maiores adversários, através das suas redes sociais.

“Quero debater. Bolsonaro e Lula, não. É o silêncio dos inocentes? Não, é o silêncio dos culpados”, disse Gomes.

No entanto, a ausência dos candidatos favoritos nos debates não é novidade no Brasil.

O próprio Lula da Silva faltou aos debates realizados antes da primeira volta das eleições de 2006, nas quais foi reeleito.

O seu antecessor no cargo, Fernando Henrique Cardoso, também não participou nos debates organizados na campanha de 1998, que venceu na primeira volta, renovando o seu mandato por mais quatro anos.

Por sua vez, Bolsonaro foi a apenas um debate na campanha de 2018 e depois justificou a sua ausência nos encontros seguintes por ter sido alvo de um atentado, quando foi esfaqueado durante um ato eleitoral.