O dirigente comunista comentava a entrevista do líder socialista à agência Lusa, na qual o chefe do executivo recusou qualquer cenário de crise política em Portugal, após contacto e distribuição de panfletos junto dos trabalhadores dos Serviços Municipalizados de Sintra.

“A necessária estabilidade da vida política, económica e social nacional depende fundamentalmente do conteúdo das políticas que são postas em prática. A ação política não deve ser pautada por critérios eleitoralistas. Valorizo a atitude daqueles que se batem em todas as batalhas até ao fim e não desistem a meio do combate para assegurar respostas a problemas concretos sentidos pelas pessoas”, disse João Ferreira.

O eurodeputado do PCP referia-se à aprovação do último Orçamento do Estado, que os comunistas ajudaram a viabilizar, ao contrário do BE, embora frisando que o documento, “infelizmente, não contém as respostas suficientes”.

“Ninguém compreende que no momento em que estamos a fazer uma luta enorme para conter a pandemia, para tratar as pessoas que estão doentes, para evitar mais mortes, para segurar as empresas, para segurar os empregos, para proteger os rendimentos, alguém se ponha agora a abrir crises políticas”, afirmara António Costa na entrevista à Lusa.

Segundo João Ferreira, “a situação do país exige volumes de investimento consideráveis não apenas no reforço dos serviços públicos e funções sociais do Estado, onde se destaca o Serviço Nacional de Saúde (SNS), as políticas de habitação ou de transportes e mobilidade, como é fundamental também associar fundos da União Europeia à ampliação da capacidade produtiva nacional”.

SNS, a habitação, administração pública, grandes projetos industriais e a digitalização foram as áreas prioritárias apontadas pelo primeiro-ministro para aplicar a denominada ‘bazuca’ financeira europeia.

Para o candidato presidencial comunista, os setores da agricultura, pescas e indústria, numa “lógica de substituição de importações pela produção nacional para combater a dependência e endividamento externos” devem ser alvo de atenção, “associando, ao mesmo tempo, a recuperação do controlo público sobre empresas e setores estratégicos”.