Marisa Matias discursava no primeiro comício digital no âmbito das presidenciais, um formato criado para esta fase da pandemia, onde presencialmente estavam cerca de 20 pessoas e o resto dos participantes surgia num grande ecrã, atrás dos oradores, em vários quadradinhos com a sua imagem em tempo real.
Com a participação do ex-secretário de Estado da Saúde e coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, Francisco Ramos – que esta semana manifestou apoio à recandidatura da bloquista -, Marisa Matias recusou a visão que Marcelo Rebelo de Sousa tem sobre a saúde e antecipou “que esta é uma diferença que é definidora desta campanha” presidencial.
Na perspetiva da eurodeputada e dirigente do BE, não se pode esperar mais tempo para salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) porque “é o SNS que protege todos e todas e é o SNS que nos faz respirar e que faz respirar a democracia”.
“E é por isso que no centro da proposta política que apresento desta candidatura, no centro daquilo que me motiva desta candidatura, no centro do combate que travo todos os dias - e continuarei a travar depois desta candidatura, depois desta eleição, com a força que tiver, com a força que ela me der - está um contrato para a saúde”, enfatizou.
Este contrato, de acordo com a candidata anunciada, “é um compromisso que reconhece a recuperação e o desenvolvimento do SNS como condição da democracia, que reconhece o direito universal à saúde, que define o caminho para fazer frente às dificuldades”.
“Eu e Marcelo Rebelo de Sousa temos visões diferentes também nestas questões. Não só na forma como vemos os problemas, mas também nas soluções para um modelo público, universal e gratuito do SNS”, distinguiu.
Marisa Matias disse acreditar “na versão de António Arnaut e de João Semedo que nos deixaram na sua luta pela nova Lei de Bases de Saúde”.
“E sei que a visão do atual Presidente da República é diferente. Sei que se bateu pela manutenção das parcerias público-privadas, que apoiou e foi apoiado por quem enfraqueceu o SNS em muitas dimensões, sei também que deixou que se subordinasse aos interesses privados”, enumerou.
O contrato pela saúde que a recandidata presencial propõe deve ser “claro na forma como avalia os problemas”.
“Quais são as atuais limitações às contratações, qual é a insuficiência orçamental que temos em relação ao Serviço Nacional de Saúde, quais são as áreas de oferta pública que são insuficientes neste momento, quais são as áreas que ficam deixadas à porta e que são abertas essas portas à oferta privada e excluem tanta gente do acesso aos cuidados essenciais e que devem ser acessíveis a toda a gente”, elencou, numa espécie de lista dos problemas no setor.
De acordo com Marisa Matias, “este contrato pela saúde deve propor soluções estruturais e duradouras” como o reforço do investimento público, o estímulo à dedicação plena dos profissionais do SNS e a valorização das carreiras dos profissionais de saúde.
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